afp -25/04/2021 16:57
A Marinha da Indonésia anunciou, neste domingo (25), que
encontrou o submarino desaparecido que naufragou quatro dias antes na costa de
Bali, e confirmou a morte dos 53 membros de sua tripulação, após uma busca
intensa e desesperada.
O submarino, que havia desaparecido na última quarta-feira,
foi encontrado seccionado em três partes no fundo do mar na costa de Bali,
segundo o chefe do Estado-Maior da Marinha, Yudo Margono.
Por sua vez, o comandante das Forças Armadas da Indonésia,
Hadi Tjahjanto, confirmou aos jornalistas que "todos os 53 tripulantes
morreram".
As autoridades disseram que receberam sinais do local a mais
de 800 metros de profundidade na madrugada deste domingo.
E acrescentou que usaram um veículo de resgate subaquático
fornecido por Singapura para obter confirmação visual.
Tjahjanto disse que mais partes da embarcação foram
descobertas neste domingo, incluindo uma âncora e roupas de segurança usadas
pelos membros da tripulação.
Aviões, barcos e centenas de soldados foram mobilizados para
localizar o "KRI Nanggala 402", um submersível de cerca de quarenta
anos de construção alemã, desaparecido durante exercícios militares.
As esperanças de sobrevivência da tripulação já eram
consideradas mínimas, pois as reservas de oxigênio do submarino estariam
esgotadas.
No sábado, após encontrar destroços e objetos de dentro do
submersível, a Marinha admitiu que ele sofreu danos irreparáveis ao naufragar.
Entre os objetos encontrados, foram recuperados parte de um
sistema de torpedo e um frasco de graxa para lubrificar periscópios.
Também foi encontrado um tapete para orações, comum na
Indonésia, país que abriga o maior número de muçulmanos do mundo.
Os "melhores patriotas"
O presidente Joko Widodo descreveu os marinheiros
desaparecidos como os "melhores patriotas".
"Todos os indonésios expressam sua profunda tristeza
por este acidente, especialmente aos parentes da tripulação do submarino",
acrescentou o presidente.
As autoridades ainda não deram uma explicação oficial para o
acidente, mas afirmam que o submarino pode ter sofrido uma grande avaria
elétrica que impediu a tripulação de retornar à superfície.
Yudo Margono, chefe da Marinha da Indonésia, havia
descartado, no entanto, uma possível explosão, estimando mais provável que o
submarino se partiu devido à pressão da água em profundidades superiores a 800
metros, acima do seu limite de resistência.
"Os cascos dos submarinos estão pressurizados (...) mas
quando se rompem, a água invade o interior", explicou Wisnu Wardhana,
especialista marítimo do Instituto de Tecnologia Sepuluh Nopember da
Indonésia.
O vice-almirante francês aposentado Jean-Louis Vichot disse
à AFP que o casco de aço do submarino poderia ter quebrado "como um
acordeão" ao atingir profundidades acima de seu limite.
O submarino, um dos cinco pertencentes às Forças Armadas
indonésias, submergiu na manhã de quarta-feira durante exercícios militares
planejados no norte da ilha de Bali. O contato foi perdido pouco depois.
Segundo a Marinha, o submarino, entregue à Indonésia em
1981, estava em boas condições de serviço. Mas esse tipo de submarino foi
projetado para suportar uma pressão de apenas 300 ou 400 metros de
profundidade.
A Indonésia não registrou incidentes graves relacionados com
seus submersíveis, mas outros países sofreram acidentes deste tipo.
Uma das tragédias mais conhecidas ocorreu em 2000, quando o
submarino nuclear russo "Kursk" afundou enquanto fazia manobras no
Mar de Barents com 118 tripulantes a bordo.
Um dos torpedos explodiu, destruindo todo o depósito de
munição. 23 marinheiros sobreviveram à explosão, mas morreram porque não foram
resgatados a tempo.
Em 2017, o submarino da frota argentina "San
Juan", com 44 tripulantes, desapareceu a cerca de 400 km da costa
argentina.
Uma explosão subaquática foi registrada perto de sua última
posição.
Em 2019, os restos do submarino Minerva, que naufragou em
1968 com 52 homens a bordo, foram encontrados no Mediterrâneo.
O submersível da Marinha francesa, que realizava manobras a
trinta quilômetros da costa de Toulon (sudeste da França), afundou em quatro
minutos e se rompeu no fundo do mar por motivos até agora desconhecidos.