metropoles -19/08/2024 10:53
Marcos Paulo da Silva (foto em destaque), conhecido como
“Lúcifer”, é uma figura que desperta horror até mesmo entre os criminosos mais
endurecidos do sistema prisional brasileiro.
Diagnosticado com psicose e transtorno de personalidade
antissocial, ele é responsável por um rastro de violência sem precedentes,
confessando, com orgulho, a autoria de 50 assassinatos brutais dentro de
presídios de São Paulo.
A história de Lúcifer é uma das mais sombrias do submundo do
crime no Brasil, marcada por sua ruptura com o Primeiro
Comando da Capital (PCC) e pela fundação de uma facção ainda mais
temida: a Irmandade de Resgate do Bonde Cerol Fininho.
Preso pela primeira vez em 1995, aos 18 anos, por furto e
roubo, Marcos Paulo da Silva entrou para o PCC pouco depois de ser encarcerado.
Aos 19 anos, ele já era um integrante ativo da maior facção criminosa da
América do Sul, participando de ações violentas dentro do sistema carcerário.
Contudo, em 2013, Lúcifer rompeu com o PCC, alegando que a organização
havia se desviado de seus princípios originais, focando apenas no lucro e
abandonando sua suposta missão de proteção dos presos. Esse rompimento marcou o
início de uma onda de terror.
De acordo com a desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São
Paulo, Lúcifer passou a ver o PCC como um inimigo a ser exterminado. Em
decorrência da rivalidade, o criminoso fundou a Cerol Fininho, um grupo
dedicado a eliminar, com requintes de crueldade, integrantes do PCC e de outras
facções rivais.
O nome “Cerol Fininho” faz referência à prática de usar
linhas cortantes, misturadas com vidro e cola, para ferir os oponentes – uma
metáfora para as execuções brutais promovidas pelo grupo.
A crueldade dos assassinatos cometidos por Lúcifer e seus
seguidores se tornou um cartão de visita da Cerol Fininho. Em fevereiro de
2015, na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, guardas prisionais
encontraram os corpos mutilados de Francinilzo Araújo de Souza e Cauê de
Almeida, com abdômen aberto, vísceras arrancadas e cabeças decepadas. Esses
crimes, como outros tantos cometidos por Lúcifer, eram realizados com um ritual
macabro: após a execução, o assassino escrevia “Cerol Fininho” nas celas com o
sangue das vítimas.
Entre os crimes mais notórios de Lúcifer está o massacre de
cinco detentos na Penitenciária de Serra Azul, em 2011. Durante a execução, ele
gritava que gostaria de matar ainda mais, numa demonstração de sua psicopatia.
Em outro episódio, Lúcifer e seus comparsas fizeram reféns vários agentes
penitenciários e usaram um estilete artesanal para decapitar suas vítimas.
Assassino de aluguel
Apesar de ter rompido com o PCC, Lúcifer não perdeu
completamente o contato com a facção. Em 2017, durante a Operação
Echelon, que prendeu 75 líderes do PCC em 14 estados, foi revelado que o
próprio PCC tentou contratar Lúcifer para assassinar José Roberto Fernandes
Barbosa, o “Zé Roberto da Compensa”, chefe da Família do Norte (FDN), rival do
PCC no tráfico de drogas em Manaus.
Embora a tentativa tenha falhado devido à intervenção das
autoridades, o fato ilustra a temida reputação de Lúcifer.
“Referente às ideias de tentar usar o Lúcifer para pegar o
Zé Roberto FDN, é isso mesmo. Pedimos para vocês fazerem esse salve
[comunicado] chegar na meta [cela] dele que, se ele fecha nessa situação, ele
terá todo nosso apoio no que precisar e poderá voltar para nossa cadeia como
companheiro. Ele tem nossa palavra, pois ele tava ajudando vingar a morte de
vários irmãos”Hoje, com penas acumuladas de 217 anos e três meses de prisão,
Lúcifer continua sendo uma figura central no terror que permeia as prisões brasileiras.
Sua presença em qualquer penitenciária é motivo de pânico,
tanto para presos quanto para guardas, e ele é constantemente transferido de
unidade para unidade, em uma tentativa do sistema penitenciário de conter sua
violência.