r7 -19/06/2022 13:56
As equipes de investigação que atuam no caso do jornalista
britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados na
região do Vale do Javari, próximo à cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas,
apuram a participação de ao menos oito pessoas no crime.
Três suspeitos já foram presos: os pescadores Amarildo
da Costa Oliveira — que
confessou ter matado Dom e Bruno e indicou o local onde os corpos foram
enterrados —, Oseney da Costa de Oliveira e Jeferson da Silva Lima.
A Polícia Federal chegou a declarar na sexta-feira (17)
que não
há mandante nem organização criminosa por trás das mortes, mas outras
cinco pessoas passaram a ser monitoradas pelos investigadores.
"Prosseguem as investigações. Há indícios da
participação [de mais pessoas] durante a execução e na fase de ocultação de
cadáveres", afirmou ao R7 o delegado de Polícia Civil Alex
Perez Timóteo.
O caso
Dom
e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez
na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do
Javari. Eles viajavam pela região e entrevistavam indígenas e ribeirinhos para
produção de reportagens para um livro sobre invasões de áreas indígenas.
O Vale
do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do
mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes,
pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos
tradicionais da região.
Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre
o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para
o jornal britânico The Guardian. Bruno era servidor da Funai (Fundação Nacional
do Índio), mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da
Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.
Na quarta-feira (15), a
Polícia Federal localizou os restos mortais dos dois. A corporação
encontrou os cadáveres depois de o pescador Amarildo da Costa confessar os
assassinatos e levar policiais até o local onde enterrou os corpos.
Exames realizados pela Polícia Federal no Instituto Nacional
de Criminalística, em Brasília, constataram que os materiais encontrados eram
de Dom e Bruno. A perícia chegou à conclusão após analisar a arcada
dentária das duas vítimas.
A perícia da PF informou, ainda, que o jornalista e o
indigenista foram mortos com tiros
de uma arma de caça. Segundo a corporação, Bruno foi atingido por dois
disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. Dom foi vítima de um disparo
na região entre o tórax e o abdômen.