r7 -27/02/2022 16:36
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou neste
domingo (27) que vai pôr em alerta a "força de dissuasão" do Exército
russo, que pode incluir um componente nuclear, no quarto dia da invasão da
Ucrânia por Moscou.
"Ordeno ao ministro da Defesa e ao chefe do
Estado-Maior que ponham as forças de dissuasão do Exército russo em alerta
especial de combate", disse Putin em uma reunião com os líderes militares
russos. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, respondeu:
"Afirmativo".
As tensões internacionais já aumentaram com a invasão da
Ucrânia pela Rússia, e a ordem de Putin pode causar ainda mais alarme.
Moscou possui o segundo maior arsenal de armas nucleares do
mundo e um enorme arsenal de mísseis balísticos, que formam a espinha dorsal
das chamadas "forças de dissuasão" do país.
Repercussão mundial
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, reagiu à
declaração de Putin, chamando de "irresponsável" a decisão do
presidente russo de pôr em alerta as "forças de dissuasão" de seu
Exército. "Esse é um discurso perigoso, um comportamento irresponsável",
declarou Stoltenberg à CNN, segundo a AFP.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro
Kuleba, também respondeu às declarações de Putin, e advertiu que mencionar
questões nucleares tem como objetivo "pressionar" a Ucrânia. E
acrescentou que o país não vai se render por conta disso. "Não nos
renderemos, não aceitaremos, não cederemos um palmo do nosso território",
declarou.
Kuleba lembrou ainda que uma guerra nuclear "seria uma
grande catástrofe para o mundo todo", mas que essa ameaça russa "não
vai nos demover".
Os Estados Unidos, por sua vez, afirmaram que Putin está
"fabricando ameaças". Em entrevista ao canal ABC, a secretária de
imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que "esse é um padrão do
presidente Putin que temos visto ao longo deste conflito, de fabricar ameaças
para justificar novas agressões".
Enquanto isso, a embaixadora de Washington na ONU, Linda
Thomas-Greenfield, condenou veementemente o alerta das "forças de
dissuasão" russas.
"Significa que o presidente Putin continua
intensificando essa guerra de maneira totalmente inaceitável", reagiu ela
em entrevista à CBS.
Quarto dia de conflito
O presidente russo ordenou a invasão da Ucrânia na manhã de
quinta-feira (24). Neste domingo (27), quarto dia do conflito, o presidente
ucraniano Volodmir Zelenski concordou em dialogar com Moscou, porém na
fronteira da Ucrânia com Belarus.
Em relação às tratativas acordadas com Moscou, Kuleba
afirmou que os ucranianos vão a esse encontro para "escutar o que a Rússia
tem a dizer".
"O que estamos dispostos a discutir é como podemos
deter essa guerra e pôr um fim à ocupação de nossos territórios",
completou ele.
Desde a primeira movimentação russa no país, as tropas de Moscou entraram na Ucrânia pelo norte, leste e sul, mas enfrentaram forte resistência ucraniana. Autoridades ucranianas dizem que algumas tropas russas estão desmoralizadas e exaustas, e que dezenas já se renderam.