ricmais.com.br -03/11/2022 10:37
A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quinta-feira
(3), um mandado de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão em
decorrência de aprofundamentos da Operação Poyais. O alvo da operação, que
apura a prática de crimes contra a economia popular, por meio de fraudes com
criptomoedas, é o empresário Francisley
Valdevino da Silva, conhecido como ‘Sheik dos Bitcoins’. O suspeito foi
detido após ordens expedidas pela 23ª Vara Federal de Curitiba.
A investigação apurou, após a deflagração da Operação Poyais
em outubro deste ano, que o responsável pela organização criminosa suspeita da
prática no Brasil e no exterior de fraudes com criptoativos descumpriu medidas
cautelares diversas da prisão impostas pela Justiça Federal. Dentre as
restrições, o investigado não poderia continuar a administrar as empresas e
tampouco praticar atos de gestão no interesse de seu grupo econômico.
A partir de diligências policiais, foi possível identificar
que o investigado, dias após a deflagração da operação policial, passou a
realizar encontros frequentes com funcionários em uma residência, em Curitiba.
Uma das empregadas é a gerente financeira do grupo, ao passo que outro
empregado identificado é o responsável pelo designer gráfico das plataformas
virtuais criadas pelo investigado para prática das fraudes.
Além do descumprimento das medidas cautelares, os quais eram
suficientes para a expedição do decreto de prisão, a constatação dos encontros
frequentes do investigado com empregado responsável pelo designer gráfico das
plataformas virtuais demonstrou que a organização criminosa continuava ativa e
promovendo atos criminosos.
Operação contra golpe de criptomoedas
Durante a investigação da Operação Poyais, demonstrou-se que
o grupo criminoso, além de promover fraudes no Brasil e no exterior,
confeccionava e comercializava plataformas e sistemas virtuais para terceiros
interessados na prática de crimes semelhantes. Recentemente, no bojo da
Operação Bad Bots, também deflagrada pela Delegacia de Repressão à Corrupção e
Crimes Financeiros da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná,
houve a condenação de duas pessoas responsáveis por crimes contra o sistema
financeiro a partir de fraude envolvendo a comercialização de criptomoedas. Com
o avanço das investigações, comprovou-se que o sistema virtual usado para tais
fraudes foi criado e mantido pela organização criminosa ora investigada.
Da mesma forma, demonstrou-se que os encontros do
investigado com funcionário da área de criação de plataformas virtuais se
destinavam a criação e manutenção de outros sistemas virtuais ativos,
comercializados pela organização criminosa com terceiros, possivelmente usados
para promoção de práticas criminosas semelhantes.
Por conta disso, considerando a atualidade e periculosidade
das ações do investigado, o qual, mesmo solto, continuou a criar e gerir
plataformas virtuais usadas para promoção de esquemas de pirâmides financeiras,
a prisão preventiva foi decretada pela Justiça Federal também para garantia da
ordem pública e econômica, buscando-se, assim, o fim da atividade delitiva.
As investigações da Operação Poyais continuam, não apenas
para cessação das atividades criminosas, mas também para a elucidação da
participação de todos os investigados nos crimes sob apuração, bem como o
rastreamento patrimonial para viabilizar, ainda que parcialmente, a reparação
dos danos gerados às vítimas.