g1 -04/10/2021 23:10
As polícias do Brasil e do Paraguai investigam a
participação de dois membros do PCC, facção criminosa que atua dentro e fora
dos presídios do país, em crimes do tipo “Novo Cangaço", entre eles
o assalto
a bancos no Centro de Araçatuba (SP), no dia 30 de agosto.
William Meira do Nascimento, o "Bruxo", e Anderson
Meneses de Paula, o "Tuca", foram presos no domingo (3) na fronteira
de Ponta Porã, no Brasil, com o município paraguaio de Pedro Juan Caballero.
Segundo a Polícia Federal, Bruxo seria integrante do núcleo
de comando do PCC e é suspeito de ter organizado o assalto em Araçatuba. Tuca,
segundo o g1 apurou, estava vivendo no Paraguai, mas foi preso do
lado brasileiro com mais quatro pessoas, entre elas a esposa dele, conhecida
como “Francisca Kelly”.
A operação “Escritório do Crime” foi realizada em conjunto
pela Polícia Federal, do Brasil, e pela Secretaría Nacional Antidrogas (Senad),
do Paraguai. Foram cumpridos 8 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão em 8
imóveis em Ponta Porã e 3 em Pedro Juan Caballero. Em um deles, o monitoramento
mostra os ocupantes com armamento pesado, à luz do dia.
A Senad informou, em nota, que Tuca foi responsável por
ordens de decapitações na fronteira Brasil-Paraguai e tem perfil extremamente
violento. Os dois presos usariam em seus crimes armamento pesado e explosivos,
segundo o documento.
Pela periculosidade dos alvos da operação, participaram da
ação duas unidades de elite da Polícia Federal, o Comando de Operações Táticas
(COT) e do Grupo de Pronta Intervenção (GPI), no lado brasileiro e agentes de
inteligência da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) e Forças Especiais, pelo
lado paraguaio.
No documento da polícia paraguaia está destacado também que,
no Brasil, os suspeitos são responsáveis pela tomada de uma cidade para roubos
a bancos.
Os presos estão em Ponta Porã, onde vão passar por audiência
de custódia.
Novo Cangaço
O crime chamado por policiais de "novo cangaço"
faz referência o histórico bando de Lampião, que levava o medo a cidades do
sertão nordestino em meados dos anos de 1930.
Os ataques do "novo cangaço" se baseiam em ações
com grupos criminosos que costumam atacar cidades pequenas.
PF apreendeu
dinheiro e munições nos mandatos cumpridos em Ponta Porã — Foto: PF/Divulgação
As ações são violentas. Os bandidos usam armas de grosso
calibre (em sua maioria fuzis, submetralhadoras e pistolas), coletes balísticos
e grande quantidade de munições e explosivos.
Geralmente, segundo o especialista, os suspeitos que
contribuem com as quadrilhas que atacam bancos são: traficantes de armas,
policiais corruptos e funcionários das empresas que passam ou vendem as cargas
para os criminosos.
Assalto em Araçatuba
Criminosos fortemente armados atacaram três agências bancárias
no Centro de Araçatuba, no início da madrugada do dia 30 de agosto. A ação
durou duas horas, entre ataque às agências, tiroteio e fuga. Veja o resumo do
crime:
Grupo de 30 criminosos atacou três
agências bancárias. Em duas delas, os bandidos conseguiram levar
dinheiro; a
terceira teve apenas os vidros atingidos por tiros; o valor não foi
informado;
Veículos
foram incendiados para fechar vias e atrapalhar a chegada da polícia;
Criminosos fizeram moradores e motoristas
reféns, sendo que algumas das vítimas foram feitas de “escudo
humano”; grupo também usou drone para monitorar a chegada da polícia;
Três
pessoas morreram na cidade, entre elas, um criminoso; outras cinco ficaram
feridas, incluindo
o jovem que teve os pés amputados;
Dois suspeitos de participar do crime morreram em outras
cidades, sendo um em Sumaré e outro em Piracicaba;
Oito suspeitos foram presos;
Ruas do Centro de Araçatuba foram isoladas, pois explosivos
foram espalhados pela cidade; Gate apreendeu 98 bombas; trabalho para detonar e
desativar levou mais de 30 horas;
Explosivos deixados por criminosos tinham sensores para ativar explosões; outros eram acionados a distância (mensagem ou ligação);
Agentes
apreenderam munições de grosso calibre ao cumprir mandados — Foto: PF/Divulgação