r7 -22/07/2021 13:04
A CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Transportes e Logística) decidiu apoiar a paralisação nacional dos
caminhoneiros prevista
para ocorrer a partir da meia-noite de domingo (25). A decisão, no
entanto, não é a mesma partilhada pela CNTA (Confederação Nacional dos
Transportadores Autônomos), que não orientou os associados sobre aderir ou não
ao movimento.
O movimento é organizado pelo CNTRC (Conselho Nacional do
Transporte Rodoviário de Cargas). "Orientamos que se participe dos atos
sendo celetista ou autônomo", disse o secretário nacional de Políticas
Sociais e Acessibilidade da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer.
Segundo Litti, não há previsão de encerramento da
paralisação. "Não há data de término projetada. Quem finaliza esse
movimento é o governo com as respostas para a categoria", afirmou o
diretor da CNTTL.
Na avaliação de Litti, o engajamento dos caminhoneiros com a
interrupção das atividades é semelhante ao observado antes da greve de 2018.
"O movimento está muito parecido com o anterior à paralisação de 2018, em
termos de divulgação, recepção da pauta pela categoria e
descontentamento", apontou.
A revisão da política
de preços do óleo diesel da Petrobras é a principal pauta da agenda do
movimento. "É necessário rever essa política. Em 2018 o Brasil parou
porque o diesel estava em R$ 2,93/litro. Hoje, o diesel é no mínimo R$
4,30/litro e os fretes pagos pelo transporte de cargas são os mesmos de 2018:
60% do valor do frete é gasto com combustível", disse Litti.
Ele cita que a constitucionalidade da política de piso
mínimo para transporte rodoviária ainda está sendo discutida pelo Supremo
Tribunal Federal. "O piso do frete precisa ser definido e julgado pelo
STF. Três anos se passaram três anos e o piso ainda não foi implementado
efetivamente", comentou.
Outra insatisfação citada pela CNTTL é a falta de
contratação de instituto pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres)
para realizar estudo e cálculos para reajuste do piso mínimo. "É urgente
que a agência licite novo instituto para fazer acompanhamento do piso com a
metodologia exigida pela lei. O contrato venceu em janeiro e, desde lá, não há
atualização dos custos dos insumos", apontou.
A última atualização da tabela foi feita na semana passada
pela ANTT, considerando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A
categoria também pede que os transportadores rodoviários sejam incluídos em
programa especial de aposentadoria com 25 anos de trabalho pelo fato de as
atividades serem insalubres.
Já a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores
Autônomos) informou que, até o momento, não há orientação da entidade para os
seus associados sobre aderir ou não ao movimento. "A prerrogativa e
legalidade de se realizar uma paralisação é um direito do caminhoneiro e
formalizada através de assembleia nos sindicatos. Até o presente momento não
temos conhecimento de tal iniciativa por parte de sindicatos ligados ao sistema
da nossa Confederação", diz a CNTA.
A realização da greve, contudo, não é unanimidade entre os
transportadores rodoviários. Há expectativa de que o governo possa se antecipar
aos atos com anúncio de medidas pontuais para acalmar os ânimos. Fontes afirmam
que nos bastidores há uma mobilização por parte de integrantes do governo de
buscar negociação com a categoria.
Alguns representantes devem se reunir ainda nesta
quinta-feira com membros do alto escalão do governo. O tema deve entrar na
pauta de assuntos da live semanal do presidente Jair Bolsonaro, realizada nas
noites de quinta, diz um interlocutor.