Amazônia: Seca atinge rios estratégicos e moradores fazem fila por água

G1 -01/10/2023 09:00

A seca na Amazônia pode bater recorde este ano e se estender até janeiro. A previsão é do Cemaden (Centro de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais, do Governo Federal). Rios estratégicos da região estão com volumes abaixo da média histórica.

A imagem parece um chapéu flutuando, mas é o Seu Francisco nadando em busca de água no Rio Negro. Com a ajuda de mangueiras, ele leva água do rio para casa.

“A sobrevivência de água para casa, de água potável, porque nós só temos água para beber e fazer comida”, diz o pescador Francisco Andrade. Ao ser perguntando de onde vem a água para beber e fazer comida ele responde: “A gente compra.”


É no ombro que os garrafões chegam até as pequenas embarcações. São moradores da comunidade do Catalão, no município de Iranduba (AM), que durante a cheia recebem água do rio Negro e do rio Solimões.

A comunidade do Catalão fica próxima a Manaus e é conhecida por ser flutuante. Neste afluente do rio Solimões, estão mais de 120 casas.

No período de cheia, a profundidade do rio chega a mais de 20 metros. Mas a seca deste ano está tão severa que os moradores precisam se virar, agora, com menos de um metro de profundidade de água.

Agora, no período seco esta barragem foi improvisada para empoçar um pouco do que ainda entra pelo Solimões para manter as casas flutuando.

Mas suja e quente é impossível usar. Por isso, a fila de botes que levam para a casa a água que chega por uma bica improvisada.


“Para lavar, para tomar banho, lavar roupa, louça todo dia, tem que pegar. Todo o dia tem que pegar”, diz a aposentada Rosa Lima.

Muitas vezes, para chegar em casa é preciso o uso de baldes. “A seca traz pra gente a consequência de problema e de dificuldade, de sofrimento”, conta Raimunda Viana, que é merendeira.

Mesmo com as barragens improvisadas, muitas casas que antes boiavam agora estão encalhadas. A do Seu Francisco está bem torta. E ele não está conseguindo trabalhar como pescador pela dificuldade de acesso aos lagos.

“Você já pensou sair de lá uma hora dessa para vender seu peixe aqui, para voltar no sol quentão desse, varando terra com o peso?”, pergunta Francisco.