r7 -19/07/2021 17:26
O presidente Jair Bolsonaro insinuou nesta segunda-feira
(19) que pode desistir da candidatura à reeleição em 2022 caso não seja
aprovada no Congresso a
impressão dos votos das urnas eletrônicas.
Em um discurso já recorrente, o presidente afirmou aos
apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, que "eleição sem voto
auditável não é eleição, é fraude".
Bolsonaro disse ainda que os votos das urnas eletrônicas
serão auditados dentro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "de forma
secreta" e "pelas mesmas pessoas que liberaram o Lula [ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva] e o tornaram elegível".
Na realidade, todas as fases da votação, segundo o TSE, são
auditáveis e podem ser acompanhadas por integrantes dos partidos políticos do
país. O
retorno do voto impresso foi testado em 2002 e descartado por várias
falhas no processo.
"Olha, eu entrego a faixa para qualquer um se eu
disputar eleição...", deixou no ar Bolsonaro. "Agora, participar
dessa eleição com essa urna eletrônica...", completou, dando a entender
que pode não concorrer à reeleição se não houver a mudança.
A declaração é um recuo em relação ao que disse no dia 9 de
julho, quando declarou
que, se não houvesse a impressão dos votos, poderia não haver eleição em 2022.
O chefe do Executivo foi além na análise. De acordo com ele,
o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, interferiu no Poder Legislativo para
barrar o voto impresso no Congresso.
"O Barroso foi para dentro do Parlamento fazer reunião
com os congressistas. E acabou a reunião, o que vários líderes fizeram?
Trocaram os parlamentares para votar contra o parecer do deputado Filipe Barros
[PSL-PR], relator do projeto", afirmou.
Na visão de Bolsonaro, a urna eletrônica tem tecnologia
defasada e é falsa a informação de que o sistema do TSE é inviolável.
O presidente justificou a falta de pressa na conversa de
mais de 20 minutos com os apoiadores em Brasília. "Estou sem agenda",
contou. O dia, brincou, será dedicado à cobrança dos ministros.
Bolsonaro ficou internado entre quarta-feira (14) a domingo
(18) para tratar uma obstrução intestinal. "Não teve nada a ver com
a motociata.
[O problema} começou em Porto Alegre [RS], mas foi um churrasco. Enchi a
pança", explicou.