r7 -18/07/2021 17:44
Após receber alta neste domingo (18), o presidente Jair
Bolsonaro defendeu a atuação do governo e do ex-ministro da Saúde Eduardo
Pazuello nas negociações por vacinas, voltou a pedir a adoção do voto impresso
nas eleições de 2022 e disse querer estudos sobre mais um medicamento para
combater a covid-19.
O presidente deixou o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo,
após quatro dias de internação por conta de uma obstrução
intestinal. Ele se encontrou com apoiadores na saída e falou com
jornalistas por cerca de 30 minutos, disparando várias críticas e defesas.
Questionado sobre recente reportagem do jornal "Folha
de S. Paulo" que mostrou vídeo em que Pazuello recebe representantes de
uma empresa de Santa Catarina para intermediação de compra de vacinas Coronavac
com a fabricante chinesa Sinovac e diz que um memorando de entendimento foi
assinado, Bolsonaro defendeu a atuação do ex-ministro afirmando que não foi
fechado contrato.
As vacinas foram oferecidas por cerca de três vezes o preço
do mesmo imunizante fabricado pelo Instituto Butantan, no Brasil. O acordo
acabou não prosperando. Pazuello afirma que só cumprimentou os representantes
da empresa, mas não negociou.
Bolsonaro afirmou que, em Brasília, "não falta gente
para vender lote na Lua" e criticou a imprensa. "Lamentavelmente a
imprensa, grande parte da imprensa, adota o caminho de simplesmente denunciar,
denunciar não, divulgar aquilo que nós não fizemos", disse o presidente.
O presidente ressaltou que sempre impôs ao Ministério da
Saúde duas condições para comprar vacinas: passar pela Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) e só pagar depois que chegar. “Nosso governo não
gastou um centavo com picareta, nenhum. Parabéns Pazuello, parabéns coronel
Elcio."
No caso da vacina indiana Covaxin, o governo acertou a compra mesmo sem
aprovação da Anvisa - que só concedeu autorização de uso emergencial meses
depois e mesmo assim restrita. O contrato de R$ 1,6 bilhão, suspenso pelo
governo, é algo de investigações de diversos órgãos e da CPI da Covid. O valor
foi empenhado - reservado para a despesa.
Remédio
Bolsonaro afirmou que pretende pedir ao ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, estudos sobre o uso da proxalutaminda, utilizada em
tratamentos contra câncer de próstata. O presidente já defendeu em diferentes
oportunidades ao longo da pandemia o uso do tratamento precoce. Parte das
substâncias indicadas, como a cloroquina, são consideradas ineficazes pela
comunidade científica internacional. Outras, como a ivermectina, ainda são alvo
de estudos após alguns resultados positivos.
Eleições e voto impresso
O presidente sinalizou que pode vetar o fundo eleitoral de cerca de R$ 6 bilhões para as
eleições 2022, aprovado na quinta-feira (15) pelo Congresso Nacional, dentro da
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
"Eu sigo a minha consciência, sigo a economia e a gente
vai buscar um bom sinal para isso tudo aí. Afinal de contas, eu já antecipo, R$
6 bi pra fundo eleitoral, para financiamento de campanhas, pelo amor de
Deus", afirmou.
Bolsonaro voltou a defender o que chama de voto impresso
auditável, repetindo críticas ao presidente do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral, Luís Roberto Barroso, dizendo ainda que a apuração da votação tem
que ser pública.
Argumentando em favor da liberdade de expressão, o
presidente criticou investigações sobre atos antidemocráticos e "fake
news". "Não dá pra gente conviver num país democrático com pessoas
sendo presas e processadas por fake news e atos antidemocráticos", disse.
"Eu respeito integralmente a Constituição... tem gente
sendo processada porque levantou faixinha com o artigo 142... eu respeito o
artigo 1º da Constituição, o artigo 2º, o 10º, o 100º e o 142 também, isso é
crime?"
O artigo 142 da Constituição diz que as Forças Armadas
"são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".
De maneira recorrente, algumas pessoas defendem a interpretação, errada, de
que, com base neste artigo, as Forças Armadas funcionariam como um Poder
Moderador.