r7 -15/11/2021 20:51
Após o adiamento da filiação ao Partido Liberal (PL), Jair
Bolsonaro disse, nesta segunda-feira (15), que a decisão de ir para a legenda
está "99% acertada". Porém, o presidente da República informou que
ainda conversa com outros partidos. "Tenho um limite", afirmou.
Bolsonaro aguarda o presidente do PL, Valdemar Costa
Neto, retirar o apoio do partido à candidatura de Rodrigo Garcia ao governo de
São Paulo. O chefe do Executivo federal negou ter tido algum desentendimento
com o representante do partido.
"Eu não sei como é que divulga que eu teria trocado
ofensas com o Valdemar Costa. Eu nem conversei com o Valdemar por
telefone", disse Bolsonaro em Dubai, onde participa da Expo 2021. Segundo
o mandatário, houve, entretanto, uma troca de mensagens pelas redes sociais,
quando ficou decidido adiar a filiação até que o PL desvincule o apoio
a Garcia, vice de João Dória, um dos principais oponentes políticos
de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Para Bolsonaro, a candidatura ao governo paulista é vital,
mas Valdemar "ainda não conseguiu a garantia de outro lado de que ele
possa desfazer o acordo que fez no passado". O presidente quer que o
ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, saia como candidato
ao Palácio dos Bandeirantes, ainda que ele não seja paulista. "Eu
tenho um sentimento de que, se ele vier candidato, tem tudo pra levar. Pode
falar que pessoa não é paulista, não é? Eu também fui eleito pelo Rio sem ser
carioca."
O acerto anterior era que Tarcísio iria concorrer ao cargo
de senador por Goiás, mas que Bolsonaro ficaria livre para apoiar outro
candidato ao governo de São Paulo, que não Garcia. Diante do impasse, a decisão
foi adiar a filiação. "Não adianta a gente começar um casamento com coisas
pendentes, tá?", disse o mandatário.
Questionado sobre manter o diálogo com outros partidos até
que o impasse seja sanado, o presidente admitiu que continua conversando com o
Progressistas (PP). "O PP ainda me quer lá. Depois que apareceu essa
notícia falsa de troca de farpas entre o Valdemar, conversei com o Ciro
[Nogueira], com o Fábio Faria, com o Rogério Marinho, pessoas que estão lá no
Brasil ajudando a conduzir."
"A possibilidade existe. Como eu disse pra você, eu
tenho um limite. O Republicanos também continua conversando comigo agora depois
desse caso", completou. Ainda assim, a expectativa é continuar com o
acordo junto ao PL.
Apesar do prazo até março, o mandatário não quer mais adiar
a filiação, a fim de lançar a campanha à reeleição de forma mais decisiva e
conseguir apoiar candidatos a prefeitos, deputados e senadores. "Acertando
um partido bem ajustadinho", Bolsonaro pretende trazer ao PL
aproximadamente 90 candidatos do então PSL e do antigo DEM. "A gente pode
chegar aos 90 parlamentares com propósito de tocar o Brasil, votar conosco as
matérias importantes que estamos apresentando e temos dificuldade nessas
aprovações aí."
PEC dos Precatórios
Aos jornalistas, Bolsonaro citou, por exemplo, o impasse
envolvendo a PEC dos Precatórios, que enfrenta resistência para passar
no Senado. "Nós tínhamos previsto pagar em torno de R$ 30 bilhões no ano
que vem e passou para quase R$ 90 bilhões. Essa diferença tem que entrar no
teto", defendeu, afirmando que o Supremo Tribunal Federal (STF) "de
repente falou que nós, eu, Jair Bolsonaro, tinha que pagar de uma vez só"
dívidas de 30 a 40 anos atrás.
"O que a gente espera é que seja aprovada", disse
o presidente, afirmando que a alternativa de parcelar a dívida possibilita não
romper o teto de gastos e atender aos mais necessitados, referindo-se ao
Auxílio Brasil. Se a PEC passar, o governo promete entregar R$ 400 a 17 milhões
de famílias em 2022. Com o espaço fiscal aberto, Bolsonaro ainda apresentou a
possibilidade de "atender, em partes, os servidores".