reuters -12/04/2020 23:00
O presidente Jair Bolsonaro avaliou neste domingo (12) que o
coronavírus dá sinais que está começando a ir embora, mas que o desemprego está
chegando e batendo forte, reforçando preocupação com os impactos econômicos das
medidas de isolamento impostas para tentar desacelerar os casos de
covid-19.
"É o que tenho dito desde o começo, desde há 40 dias.
Temos dois problemas pela frente, lá atrás eu dizia: o vírus e o
desemprego", afirmou ele, em vídeoconferência com religiosos por ocasião
da Páscoa, transmitida pela TV.
"Quarenta dias depois, parece que está começando a ir
embora a questão do vírus, mas está chegando e batendo forte o desemprego.
Devemos lutar contra essas duas coisas", completou.
A fala veio após o Ministério da Saúde ter divulgado que o número de mortes por coronavírus no Brasil voltou a
acelerar neste domingo, com o total acumulado chegando a 1.223, um aumento
de 99 óbitos sobre o dia anterior.
No sábado, foram 68 novas mortes, interrompendo sequência
acima de 100 que vinha sendo vista desde terça-feira. No total, o país possui
22.169 casos confirmados de coronavírus, um aumento de 1.442 em relação aos
dados de sábado.
Presidente fala em 'liberdade a qualquer preço'
Em sua fala, Bolsonaro afirmou que há "grande perigo
pela frente", e que o destino do país não pode "ser colocado sob
dúvida de que a liberdade será mantida a qualquer preço".
O presidente tem se oposto a medidas de isolamento mais
rígidas adotadas por governadores e prefeitos como forma de evitar a
disseminação descontrolada do coronavírus, argumentando que elas causarão danos
maiores à economia, com fechamento de postos de trabalho e ameaça de
desabastecimento.
Contrariando recomendações de autoridades de saúde,
Bolsonaro também tem circulado em espaços públicos e cumprimentado apoiadores
em aglomerações.
Na véspera, o advogado-geral da União (AGU), André Mendonça,
publicou nota afirmando que o órgão aguarda informações do Ministério da Saúde
e da Anvisa para medidas judiciais cabíveis com o objetivo de impedir
"medidas restritivas de direitos fundamentais do cidadão" por parte
de governos locais e estaduais.
O posicionamento foi divulgado após o governador de São
Paulo e adversário político de Bolsonaro, João Doria (PSDB), ter dito que
pessoas poderiam vir a ser presas pela Polícia Militar caso contrariassem as
regras estabelecidas no Estado para o isolamento.