estadao e cnn -01/09/2024 14:11
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que
o Projeto de Lei (PL) de Reforma do Setor Elétrico vai propor que a abertura do
mercado livre de energia ocorra "no máximo" até 2030. Com isso, todos
os consumidores passarão a poder escolher seu fornecedor de energia.
Ele afirmou que o texto já está pronto e que os debates na
Casa Civil e com outros órgãos ligados à Presidência da República já começaram.
Questionado se havia decisão efetiva de encaminhamento por
meio de PL, Silveira disse defender a legalidade para a implementação da
reforma por meio de uma medida provisória (MP), mas salientou que a Presidência
da República deve avaliar a opção, a partir de análise da Secretaria Especial
de Análise Governamental.
"Estamos à beira do precipício do setor como um
todo", disse. Para ele, se nada for feito, a União terá de desembolsar
recursos para sustentar o setor.
Para o ministro, que concedeu entrevista à CNN no sábado,
31, a reforma visa o equilíbrio do setor elétrico, a liberdade do consumidor e
a tarifa mais justa.
Parque térmico
Silveira disse ainda que acredita que será necessário
acionar entre 70% e 80% do parque térmico do País, de aproximadamente 20
gigawatts (GW), em razão do período de estiagem. Segundo ele, o parque térmico
está preparado para isso. A estimativa leva em conta a previsão de chuvas
apresentada pelos institutos de meteorologia.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em
setembro o volume de chuvas que chegará ao reservatório das hidrelétricas
chegará à metade da média histórica. "Estamos vivendo momento hídrico
crítico", afirmou. O ministro ponderou haver segurança energética no
Brasil em 2024.
Na entrevista à CNN, ele disse ainda que, se o PL das
Eólicas Offshore (nº. 576/2021), que tramita no Senado, for aprovado com
emendas, ele deve sugerir vetos ao texto. Silveira criticou, principalmente, a
possibilidade de contratação de novas termelétricas inflexíveis.
Acordos sobre Mariana
O ministro disse que, após o anúncio do novo CEO da Vale,
Gustavo Pimenta, a prioridade do governo é "resolver o problema de
Mariana". "Há danos ambientais, pessoais, materiais e de vidas
humanas. Os danos ambientais se estendem pelo (Estado do) Espírito Santo e
outros e precisam ser reparados imediatamente", disse.
Para ele, os acordos a serem concluídos devem ser de
grandeza histórica. "Esperamos que o novo CEO tenha sensibilidade de
concluir conosco os acordos", afirmou o ministro.
Além disso, Silveira disse ser preciso destravar o setor mineral nacional, no que se diz respeito a metais críticos. Ele mencionou substâncias como lítio e nióbio e a necessidade de descarbonizar o planeta.
No entanto, disse que os mecanismos para isso são complexos, visto que os "direitos minerais estão nas mãos de poucos" e que o governo buscará saídas que respeitem a segurança jurídica, responsabilidade regulatória e previsibilidade para investimentos privados.