r7 -18/05/2023 14:34
O aumento
do desemprego para 8,8% no primeiro trimestre, o equivalente a 9,4 milhões
de pessoas desocupadas, foi puxado pelo desempenho negativo do mercado de
trabalho em 15 estados e no Distrito Federal.
Em todas as demais unidades da Federação, a taxa de
desocupação ficou estável, segundo dados publicados nesta quinta-feira (18)
pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua),
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na mesma comparação, a desocupação cresceu em todas as
grandes regiões, com destaque para o Nordeste, onde o desemprego aumentou 1,4
ponto percentual e alcançou 12,2% da população.
Alessandra Brito, analista da pesquisa, explica que o
aumento da desocupação e a queda da ocupação, de forma simultânea, resultaram
no crescimento da taxa de desocupação nas grandes regiões, assim como ocorreu
no resultado nacional.
“Após um ano de 2022 de recuperação do mercado de trabalho
pós-pandemia, em 2023, parece que o movimento sazonal de aumento da desocupação
no começo do ano está voltando ao padrão da série histórica”, explica ela.
Confira a situação do mercado de trabalho em cada unidade
da Federação
De acordo com os pesquisadores, o aumento das taxas de desocupação
ocorre, historicamente, nos primeiros meses do ano, como reflexo do
desligamento de empregados temporários contratados no fim do ano anterior e uma
maior pressão sobre o mercado de trabalho no período.
Regiões
No primeiro trimestre, o Nordeste segue com a maior taxa de
desocupação entre as regiões, enquanto o Sul (5%) tem a menor. Das dez unidades
da Federação com os maiores percentuais, sete são estados nordestinos. Entre
eles, destacam-se Bahia (14,4%) e Pernambuco (14,1%), com as maiores taxas do Brasil.
Alessandra afirma que a diferença entre os estados é ligada
à informalidade. “Bahia e Pernambuco, bem como a região Nordeste em geral, têm
um peso maior de trabalho informal (emprego sem carteira e conta própria sem
CNPJ), o que torna a inserção no mercado de trabalho mais volátil e pode gerar
pressão de procura por trabalho. Isso se reflete numa maior taxa de
desocupação, se comparado à taxa para o Brasil”, diz a analista.
Por outro lado, as menores taxas de desocupação foram
registradas por Rondônia (3,2%), Santa Catarina (3,8%) e Mato Grosso (4,5%).
Todos os estados do Norte e do Nordeste tiveram taxas de informalidade maiores
que a média nacional (39%). Os percentuais mais altos entre eles foram
registrados por Pará (59,6%), Amazonas (57,2%) e Maranhão (56,5%).
A analista explica que o trabalho informal traz menos
garantias relativas aos direitos trabalhistas, além de ser menos estável. “Esse
tipo de inserção torna o trabalhador mais suscetível à instabilidade no mercado
de trabalho, sobretudo em momentos de crise, como foi a pandemia.”
As menores taxas de informalidade foram registradas por
Santa Catarina (26,1%), Distrito Federal (30,3%) e São Paulo (30,6%).
"Regiões onde o trabalho informal tem mais peso tendem a apresentar taxas
de desocupação mais altas", completa Alessandra.