r7 -01/09/2022 11:56
A economia brasileira cresceu 1,2% no segundo trimestre de
2022, na comparação com os primeiros
três meses deste ano, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira
(1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A quarta variação trimestral positiva consecutiva do PIB
(Produto Interno Bruto) — soma de todos os bens e serviços finais
produzidos no país — é consequência do valor de R$ 2,404 trilhões alcançado
entre os meses de abril e junho.
O resultado faz a economia brasileira avançar 2,5%
no primeiro semestre e coloca a atividade econômica do Brasil em um patamar
3% acima daquele registrado no quarto trimestre de 2019, último trimestre
sem medidas restritivas para conter a pandemia do novo coronavírus.
Os dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais mostram
também que o PIB nacional figura no segundo patamar mais alto da série
histórica do IBGE, atrás apenas do alcançado no primeiro trimestre de 2014.
O resultado positivo confirma a melhora das
expectativas do mercado financeiro em relação ao crescimento da economia
nacional neste ano. A última divulgação do BC (Banco Central) mostra
que o PIB fechará 2022 com alta de 2,1%.
Nesta divulgação, o IBGE também revisou os dados referente
ao primeiro trimestre deste ano (de 1% para 1,1%), do quarto trimestre do ano
passado (de 0,7% para 0,8%) e do segundo trimestre de 2021 (de -0,2% para
-0,3%).
Setores
O crescimento da economia no segundo trimestre
foi impulsionado
pelo salto de 1,3% do setor de serviços, responsável por 70% de tudo o que
é produzido na economia nacional. Dentro dos serviços, outras atividades
de serviços (+3,3%), transportes (+3%) e informação e comunicação (+2,9%)
avançaram e puxaram essa alta.
"Em outras atividades de serviços estão os serviços
presenciais, que estavam represados durante a pandemia, como os restaurantes e
hotéis, por exemplo”, explica Rebeca Palis, coordenadora do levantamento do
IBGE. Com o resultado, o subsetor outras atividades de serviços está 4,4% acima
do patamar pré-pandemia.
Na indústria, a alta de 2,2% foi o segundo resultado
positivo consecutivo do setor, após a queda de 0,9% no quarto trimestre do ano
passado. A taxa positiva é a mais alta para o segmento desde o terceiro
trimestre de 2020 (+14,7%), quando o setor começava a se recuperar dos efeitos
da pandemia e tinha uma base de comparação ainda baixa.
No ramo, houve crescimento de 3,1% na atividade de
eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, de 2,7% na
construção, de 2,2% nas indústrias extrativas e de 1,7% nas indústrias de
transformação.
Rebeca observa que o avanço da atividade de
eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos é explicado
pelo desligamento das usinas térmicas, que resultou no fim da bandeira
tarifária de escassez hídrica. “No início do ano, houve esse desligamento e o
aumento do uso das energias renováveis, que são mais baratas”, avalia.
A agropecuária, que havia recuado 0,9% nos primeiros três
meses do ano, variou 0,5% no segundo trimestre. De acordo com Rebeca, o
resultado está associado à sazonalidade enfrentada pelo setor.
"No semestre, a agropecuária vem caindo, puxada pela
retração na produção da soja, que é a nossa maior lavoura. De acordo com o LSPA
"Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), a previsão é de queda de
12% nessa produção. Isso impactou bastante o resultado da agropecuária no ano”,
diz a pesquisadora.
Ela acrescenta que, no trimestre, o resultado também está relacionado
ao menor peso da safra da soja no período comparado ao trimestre anterior e ao
ganho de peso da safra do café, cuja produção deve aumentar 8,6% na comparação
com o colhido no ano passado