r7 -20/05/2022 20:06
Em encontro realizado nesta sexta-feira (20) em um hotel de luxo no
interior de São Paulo, o presidente
Jair Bolsonaro chamou Elon Musk de "mito da liberdade" e
disse que o anúncio da compra do Twitter pelo bilionário, suspensa de forma temporária, é um "sopro de
esperança". Musk anunciou pelo Twitter que pretende usar seus satélites
para conectar 19 mil escolas na Amazônia e monitorar o meio ambiente na região.
"O mais importante da presença dele [Elon Musk] é algo
que é imaterial. Hoje em dia, poderíamos chamá-lo de mito da liberdade. É
aquilo que nos fará falta para qualquer coisa que porventura possamos pensar no
futuro", disse Bolsonaro.
"E um exemplo disso, que ele nos deu há poucos dias,
quando se anunciou a compra do Twitter, para nós aqui foi como um sopro de
esperança", continuou. “O mundo todo passa por pessoas que têm a vontade
de roubar a liberdade de todos nós, e a liberdade é a semente do futuro."
Amazônia conectada
O presidente comentou, ainda, questões relativas à região amazônica. "Para nós, é muito importante.
Nós pretendemos, precisamos e contamos com Elon Musk para que a Amazônia seja
conhecida por todos, no Brasil e no mundo. Mostrar a exuberância dessa região,
como é preservada por nós e quantos malefícios causam para nós aqueles que
difundem mentiras sobre essa região", destacou.
No Twitter, Musk comentou a vinda ao país.
"Superanimado por estar no Brasil para o lançamento do Starlink para
19.000 escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da
Amazônia", escreveu.
A Starlink é uma empresa de tecnologia via satélite de alta
velocidade da SpaceX, uma de suas companhias, e possui mais de 2.000 satélites
lançados, cobrindo quase todo o planeta.
A vinda de Musk ao Brasil foi costurada por Fábio Faria,
ministro das Comunicações. No fim do ano passado, ambos se encontraram para discutir eventual parceria
entre a SpaceX e o governo brasileiro para conectar escolas em áreas rurais e
fortalecer a proteção da Amazônia.
"Eles [a SpaceX] têm hoje 4.500 satélites em baixa
órbita, e estamos querendo fechar essa parceria para fazer o programa Wi-Fi Brasil,
que vai conectar todas as escolas rurais e comunidades indígenas",
destacou o ministro na ocasião.
Segundo o ministro das Comunicações, a parceria com a
empresa espacial também vai ajudar na preservação da Amazônia. A ideia é que a
cobertura de internet no local facilite o monitoramento que já é feito pelo
governo.
De acordo com imagens publicadas nas redes sociais por
assessores presidenciais, participaram do encontro os empresários Luciano Hang
(Havan), Alberto Leite (FS Security) e Ricardo Faria (Granja Faria), entre
outros.
A reunião contou, ainda, com os ministros Ciro Nogueira
(Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), Fábio Faria
(Comunicações), Carlos França (Relações Exteriores), Roberto Campos Neto
(presidente do Banco Central) e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
Questionado, o STF informou que Toffoli participou da
cerimônia, chamada de Projeto Conecta Amazônia, que foi firmado entre o
Ministério das Comunicações e o Conselho Nacional de Justiça quando o ministro
presidia o conselho. "O CNJ participou ativamente do projeto, que tem o
objetivo, entre outros, de ampliar a qualidade dos serviços digitais para o
acesso à Justiça na região Norte do país", disse.
Depois do encontro, Bolsonaro compartilhou imagem nas redes
sociais e falou sobre o episódio. "Conversei há pouco com Elon
Musk, que visita o Brasil a convite do ministro Fábio Faria. Entre outros
assuntos, tratamos de conectividade, investimentos, inovação e uso da
tecnologia como reforço na proteção de nossa Amazônia e na realização do
potencial econômico do Brasil", escreveu.
Musk e Twitter
Na primeira quinzena deste mês, Musk anunciou a suspensão temporária da compra do Twitter à
espera de detalhes sobre a proporção de contas falsas na rede social. Depois do
comunicado, a ação do grupo caiu quase 20% nas negociações eletrônicas prévias
à abertura da Bolsa em Wall Street.
Há uma grande polêmica em torno do fato de Musk se tornar
dono da plataforma. De acordo com especialistas, o empresário pretende realizar
diversas mudanças na rede social, que poderiam fragilizar o combate às notícias
falsas.
Musk, por sua vez, defende a ideia de que deve haver uma
ampla liberdade de expressão na plataforma. O bilionário anunciou, ainda, que
pretende reverter o banimento do ex-presidente americano Donald
Trump da rede social.
O anúncio da compra do Twitter pelo homem mais rico do mundo foi comemorado por aliados de Bolsonaro, que relataram um salto no número de seguidores na plataforma. O crescimento, segundo o grupo mais próximo ao chefe do Executivo, é atribuído ao "fim da censura" na rede. O presidente ganhou 65 mil novos seguidores em 24 horas, segundo a ferramenta de monitoramento Social Blade, um crescimento de 1.447%. A média anterior era de 4.500 novos seguidores a cada dia. Atualmente, Bolsonaro conta com 8 milhões de seguidores na plataforma.