agencia estado e agências internacionais -06/02/2023 00:00
Mergulhadores da Marinha começaram a trabalhar para
localizar destroços do balão espião chinês abatido ontem, sábado (4), por um
caça americano. As buscas se concentram a cerca de 10 km da costa da Carolina
do Sul, disseram autoridades da Defesa. O objetivo do governo dos EUA é
entender para que serve o artefato.
Um oficial da Marinha americana afirmou que as buscas podem
levar dias e não há prazo para que ela termine. Segundo ele, a operação começou
logo após partes do objeto terem atingido a água. O oficial acrescentou que
navios da Marinha e da Guarda Costeira — ele não informou quantos — estão na
área onde o balão caiu.
A derrubada do objeto ocorreu após dias de uma crise
diplomática que ainda está longe de acabar. O governo do presidente Joe Biden
tem reiterado que o artefato foi uma tentativa malsucedida de espionagem. A
China negou e disse que o artefato era um balão meteorológico que se desviou do
curso.
No sábado, a imprensa americana divulgou que Biden havia
sido convencido por assessores militares a abortar a missão para derrubar o
balão em razão do risco de que partes do objeto atingissem alvos civis no solo.
Poucas horas depois da operação, porém, o presidente americano afirmou que a
ideia era esperar até que o objeto chegasse “a um lugar mais seguro”. O
artefato teria dimensão equivalente à de três ônibus.
Quando foi descoberto, na quinta-feira (2), o balão estava próximo
à base aérea de Malmstrom, no estado de Montana, que concentra um grande
arsenal de mísseis balísticos nucleares. Sem dar detalhes, funcionários do
Pentágono disseram ter reforçado a segurança do local para evitar que o balão
conseguisse capturar informações sobre a base e seu entorno.
Oficiais do Pentágono afirmaram que o balão foi derrubado em
águas relativamente rasas, o que pode facilitar a operação. De todo modo, os
mergulhadores da Marinha terão de lidar com a água fria do Oceano Atlântico nesta
época do ano. Assim que os destroços forem coletados, o Pentágono disse que
entregará o material para ser estudado por várias agências federais de
inteligência.
O balão espião desencadeou uma crise diplomática, com o
cancelamento de uma visita que o secretário de Estado, Antony Blinken, faria à
China entre sábado (4) e este domingo (5) — seria a primeira missão oficial ao
país asiático na gestão Biden.
Mary Gallagher, diretora do International Institute e
professora de ciência política na Universidade de Michigan, afirmou que “era
impossível para Blinken ir e negociar questões realmente difíceis com um balão
chinês muito visível flutuando sobre os EUA”.
"Reação exagerada"
O ataque dos Estados Unidos ao balão foi classificado como
uma "reação exagerada" pelo país asiático. Em comunicado hoje, o
Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que se reservava o direito
de "tomar novas ações" e criticou os EUA por "uma óbvia reação
exagerada e uma grave violação da prática internacional".
A China afirma que o balão era de uso civil, destinado a
pesquisas meteorológicas, e que havia entrado no espaço aéreo americano por
acidente.
Ontem, militares dos EUA abateram o balão, depois que ele
atravessou locais militares sensíveis. O presidente Joe Biden emitiu a ordem,
mas queria que o balão tivesse sido derrubado ainda mais cedo, na quarta-feira.