jornal opção e r7 -31/03/2022 10:08
O governador de São Paulo, João Doria, desistiu de se
candidatar à Presidência da República pelo PSDB. Com essa decisão, ele não deve
renunciar ao cargo de governador nesta quinta-feira, 31, como previsto até
então. Seu vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que assumiria o comando do
Estado nos próximos dias para tentar reeleição em outubro, já foi avisado
sobre a decisão.
Caso Doria confirme sua decisão, Eduardo Leite, governador
do Rio Grande do Sul, poderá tentar concorrer ao cargo de chefe do executivo
pela legenda. O gaúcho já havia sinalizado que deixaria o cargo de governador
para tentar ser o candidato da “terceira via” do Palácio do Planalto.
Mesmo com a desistência, João Doria pretende continuar
apoiando Garcia no pleito de outubro deste ano.
Ao deixar
também o PSDB, Dória abre crise moral no ninho tucano.
Descrença e comemoração – a decisão do governador de São
Paulo, João Doria, de desistir de concorrer à eleição espalhou reações
contraditórias no meio tucano. Mas o efeito moral o governador obteve com o
gesto mais duro: pretende deixar o partido, conforme declarou a auxiliares e a
aliados. Com a atitude, Doria expõe o PSDB à contradição interna: o partido o
escolheu em convenção e indica apoio a outro — Eduardo Leite.
Desde a tarde desta quarta-feira, é intenso o movimento de
avaliação da decisão do governador e também do “deixa-disso”, como os políticos
batizam o esforço para demovê-lo. No entanto, até mesmo os auxiliares mais
próximos estão perplexos com a convicção de Doria, que pretende anunciar a
guinada política na tarde de hoje.
Entre os apoiadores de Eduardo Leite estão os integrantes
das alas comandadas pelo senador Tasso Jereissati (PSDB/CE) e pelo deputado
Aécio Neves (PSDB/MG). O gaúcho reúne a maior parte dos tucanos históricos e
estaria disposto a abrir a divergência, mesmo tendo perdido a convenção que
escolheu o candidato. O gesto de Doria, no entanto, coloca a todos diante do
desgaste moral de romper com as regras.
“A construção [da candidatura] vai entrar em campo agora”,
declara apoiador de Leite. “Ele vai assumir o natural protagonismo dentro do
partido e construir com o centro uma candidatura”, festeja. Para o grupo, a
iniciativa de Doria equivale a uma ruptura, já que o governador declara a saída
do partido, “após chamar de golpe” o apoio informal a Leite — que vai se
licenciar do Governo do Rio Grande do Sul. O prazo estabelecido pela legislação
eleitoral para a desincompatibilização é 2 de abril.
A reviravolta também afeta diretamente Rodrigo Garcia, vice
de Doria e candidato a sua sucessão. Garcia migrou do DEM para o PSDB e
esperava assumir a cadeira de governador como forma de turbinar a própria
campanha. A frustração desse plano instaura um complicador adicional à cena
política paulista e pode ter reflexos favoráveis para os demais concorrentes ao
Palácio dos Bandeirantes. Fernando Haddad, do PT, está na dianteira nas
pesquisas, e Tarcísio Freitas, candidato de Bolsonaro, aparece com desempenho
surpreendente.