tribuna do povo -25/08/2021 22:08
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou
que o programa de redução voluntária voltado para consumidores residenciais
iniciará a partir de 1º de setembro. O governo vai dar descontos nas contas de
luz de consumidores residenciais que economizarem energia elétrica. A medida
foi antecipada pelo Estadão/Broadcast. A expectativa, segundo o Ministério de
Minas e Energia (MME), é divulgar as regras da medida no início da próxima
semana.
"O programa está sendo estruturado e contará com
definição de meta mínima de redução para concessão de crédito", informou o
ministério em nota distribuída à imprensa. Em entrevista coletiva nesta
quarta-feira, Albuquerque afirmou que "todos sabem que o custo da geração
de energia tem aumentado em face da geração termelétrica". Segundo ele,
desde o final do ano passado o governo tem acionado essas usinas.
"Estamos avaliando a métrica para todos os
consumidores. A ideia do programa é premiar aqueles consumidores que se
esforçarem em reduzir a carga e, assim, contribuir para o aumento da segurança,
da confiabilidade e do custo de geração", disse o secretário de Energia
Elétrica do ministério, Christiano Vieira.
Ele afirmou que havia uma escassez bem caracterizada nos
reservatórios localizados no Sudeste, considerado a caixa d'água do sistema
elétrico, mas que as perspectivas de chuvas na região Sul não estão se
concretizando. Durante entrevista coletiva, ele citou aprovação para aumentar a
transferência de energia do Nordeste para Sudeste e Sul, para aproveitar a
geração de usinas eólicas.
Para garantir o abastecimento de energia elétrica, o governo
tem autorizado o acionamento de usinas termelétricas, até mesmo as mais caras.
Segundo o secretário, hoje há usinas em uso que custam acima de R$ 2 mil por
megawatts-hora (MWh).
O governo espera, segundo ele, que o programa de redução de
consumo voluntário voltado para os grandes consumidores, e as demais
iniciativas, sejam opções mais "econômicas". "Com economia voluntária,
poderemos não colocar em operação usinas com custo acima de R$ 2 mil/MWh",
afirmou.
Apesar do incentivo financeiro para economia de energia, as
medidas adotadas para evitar racionamento e apagões vão custar caro para o
consumidor.
Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, cálculos internos
apontam a necessidade de que a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a
cada 100 quilowatts-hora (kWh), seja elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20. Há
ainda um cenário-limite de até R$ 25, mas é improvável que ele seja adotado. A
bandeira para setembro será anunciada na sexta, 27. A bandeira vermelha 2 está
vigente desde junho.
O governo ainda decretou a redução compulsória do consumo de
eletricidade na administração pública federal. Órgãos e entidades deverão reduzir
entre 10% a 20% o consumo de eletricidade de 1º de setembro a abril de 2022. Os
órgãos deverão apresentar justificativas em casos em que não conseguirem
atingir a meta de redução.
Medidas
A bonificação para consumidores residenciais faz parte de uma
série de ações que o governo busca para tentar evitar apagões em horários de
pico, quando há mais demanda por energia. Na segunda-feira, 23, o MME publicou
as regras para o programa similar de redução voluntária do consumo de energia,
mas voltado para grandes consumidores, como as indústrias. Em contrapartida, as
empresas vão receber compensações financeiras.
Para possibilitar uma maior adesão ao programa, o governo
acatou pleitos de agentes do setor e reduziu o lote mínimo de economia que as
empresas devem oferecer de 30 megawatts médios (MWm) para 5 MWm. As propostas
deverão ser apresentadas ao ONS e serão analisadas pelo Comitê de Monitoramento
do Setor Elétrico (CMSE). A medida valerá até 30 de abril de 2022.
Sem chuvas
Bento Albuquerque afirmou que as perspectivas de chuvas até
o fim do período seco deste ano, meados dos meses de setembro e outubro,
"não são boas no momento".
Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, ele
afirmou que os meses de julho e agosto registraram a pior quantidade de águas
que chegaram nos reservatórios da série histórica. "As perspectivas para o
futuro que temos até agora, em termos de precipitação até o final do período
seco, não são boas. Permanece com a perspectiva de menores precipitações até o
final do período seco, até o final de setembro, outubro", afirmou.
O ministro afirmou que o governo monitora o setor elétrico
24 horas por dia e que nesta semana foram realizadas reuniões importantes de
forma extraordinária, do CMSE e da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão
Hidroenergética (CREG). "Identificamos que os meses de julho e agosto
foram os piores meses da série histórica de monitoramento do nosso setor
elétrico. Particularmente, os reservatórios da região Sul, que corresponde a
10% da nossa capacidade de armazenamento e dos reservatórios do Sistema
Interligado Nacional como um todo. Isso evidentemente que causa consequência
para a gestão hidroenergética do nosso sitema", afirmou.
O País enfrenta a pior crise hídrica nos últimos 91 anos,
com grave escassez nos reservatórios das principais usinas hidrelétricas.
Na terça, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu, em
nota, uma "relevante piora" no cenário hídrico do País e nas
projeções para os próximos meses. O governo anunciou novas medidas para
restringir o uso de água e afirmou ser "imprescindível" a adoção de
todas as ações em andamento e propostas para garantir o fornecimento de
energia.