g1 -08/05/2020 13:11
O governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em
todo o estado de São Paulo até o dia 31 de maio. O anúncio foi feito no início
da tarde desta sexta-feira (8) em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na Zona
Sul da capital paulista.
"Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de
maio. Queremos, sim, em breve juntos poder anunciar a retomada gradual da
economia como, aliás, está previsto no Plano São Paulo. A experiência de outros
países, e nós temos utilizado essas experiências aqui, mostra claramente o colapso
da saúde e, quando isso acontece, paralisa tudo", disse Doria.
Doria defendeu que a flexibilização da quarentena, neste
momento, prejudicaria o sistema de saúde e a recuperação econômica.
"Na região metropolitana um aumento de 760% em apenas 30 dias. Em um mês, 760%. Estamos todos atravessando o pior momento desta pandemia. Só não reconhece, vê, percebe, aqueles que estão cegos pelo ódio ou pela ambição pessoal. Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco milhares de vidas, o sistema de saúde e, por óbvio, a recuperação econômica", afirmou.
Com a decisão, permanecem autorizados a funcionar apenas
serviços essenciais. A ampliação do isolamento se deve ao aumento do número de
casos e mortes em razão do coronavírus.
Atualmente, o estado
tem 3.206 mortes pela doença e a taxa
de isolamento social se manteve em 47% na quarta-feira (6),
considerada abaixo do ideal para diminuir a velocidade de contágio.
"O medo é o pior conselheiro da economia, prejudica o
consumo, afugenta investimentos e ataca os empregos. A quarentena, felizmente,
está salvando vidas em São Paulo e em outros estados brasileiros. Pessoas que
poderia ter adoecido e falecido estão em vida e agradecendo por estarem vivendo
e convivendo com seus familiares e desfrutando ainda a vida", defendeu o
jovernador nesta tarde.
O governo buscava entre 50% e 60% para iniciar a
flexibilização da quarentena, mas as autoridades de saúde apontam que a taxa
ideal seria de 70%. O estado nunca chegou ao valor ideal, sendo as maiores
taxas de 59% sendo registradas apenas em domingos.
Nas últimas 24 horas, dez novas cidades do estado
registraram casos de coronavírus. A
propagação cresce quatro vezes mais rapidamente nas cidades do interior e do
litoral do que na Grande São Paulo, segundo dados do governo.
A administração estadual acredita que até o final de maio
todas as 645 cidades do estado terão casos confirmados da doença.
Desde o início da pandemia, o estado de São Paulo se mantém
no epicentro da doença no país. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o
distanciamento ainda é a medida mais eficaz para evitar a propagação da
Covid-19.
Em 22 de abril, Doria chegou a anunciar a reabertura gradual
da economia no estado a partir de 11 de maio e afirmou que os detalhes só
seriam divulgados no dia 8 de maio.
A decisão de manter a quarentena foi balizada pelo Centro de
Contingência da Covid-19, que é liderado pelo infectologista David Uip.
De acordo com balanço divulgado nesta quinta (7), as
Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do estado de São Paulo operam com taxa
de ocupação de 66,9%.
Na Grande São Paulo, a lotação é ainda maior: 89,6% dos
leitos deste tipo estão ocupados na região metropolitana, segundo dados
oficiais divulgados nesta quinta. Na quarta-feira (6), a ocupação era de 86,7%.
Parâmetros
Em coletivas mais recentes, o governador disse que não iria
flexibilizar se as cidades que não atingissem o índice mínimo de 50% (o ideal é
70%), outro dado utilizado para analisar que cidades poderiam ter condições de
reabrir o comércio e outras atividades econômicas não essenciais. Na
quarta-feira (6), a taxa de isolamento social no estado e na capital estavam em
47%.
A medida de flexibilização do isolamento social devido ao
coronavírus deve ser feita em etapas, com autorizações específicas para cada
região do estado, de acordo com o avanço da doença.
“Todas as regiões tiveram situações crescentes. Algumas
regiões têm situações mais graves, como a Baixada Santista, Campinas, Região
metropolitana de São Paulo. Há uma preocupação muito grande com esses números”,
diz o secretário Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, na
quinta-feira ao G1.
Mortos e casos
Interior de SP
Além de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, outras
regiões do estado também merecem atenção do governo, segundo Vinholi.
“O que apresentou para nós a semana inteira são dados
impactantes em todo interior do estado também”, afirma o secretário sobre o
aumento dos óbitos e de doentes. “Com essa aceleração nós identificamos um
momento de alerta para todo estado”.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento, mais de 370 cidades
do estado têm casos de coronavírus e aproximadamente 170 delas registraram
mortes pela doença.
“A cada três dias nós temos 38 novos municípios sendo
afetados. Chegando no fim do mês com todos os municípios afetados com casos”,
projeta Vinholi.