blog do nolasco -04/10/2021 08:35
Uma alta fonte do governo federal garantiu: "Vamos
retomar as conversas", referindo-se à prorrogação do auxílio emergencial,
que termina no fim do mês. Integrantes da ala política defendem a ideia de
aumentar o valor, que hoje varia de R$ 150 a R$ 375, e prorrogar o benefício
até o fim de 2022. A intenção é evitar que o benefício termine antes das
eleições e tentar dar um fôlego eleitoral à disputa da reeleição do presidente
Jair Bolsonaro. Nesse contexto, os integrantes do governo defendem até um
aumento do valor do benefício para algo em torno de R$ 400 a R$ 500.
O problema é que, na visão da equipe econômica, a medida
aceleraria ainda mais a
inflação, que já está na casa dos dois dígitos. “A inflação vai continuar
subindo. Aí, quem pegar o país vai pegar todo complicado. É incrível a falta de
patriotismo, de responsabilidade de quem está defendendo. Na verdade, vai ser
ruim para todo mundo, vai ser ruim para o governo, vai ser ruim para o Brasil,
vai ser ruim para todo mundo”, afirma fonte.
A prorrogação é avaliada por outra importante fonte como
"uma saída que os políticos gostam mais, mas não é o mais
responsável", do ponto de vista das contas públicas. O argumento é para
lembrar que a prorrogação do auxílio emergencial seria por meio do Orçamento de
Guerra, fora do teto de gastos públicos.
O ministro Paulo Guedes tem defendido a ampliação do Bolsa
Família, que passaria a se chamar Auxílio Brasil. O governo já tem os recursos
para pagar o benefício com o reajuste neste ano. O novo Bolsa Família iria dos
atuais R$ 190, em média, para R$ 300, e o número de famílias saltaria para 17
milhões de pessoas. Só que o Auxílio Brasil depende do Congresso, não é
possível lançar o programa social sem a definição dos recursos para o ano que
vem. Essa medida depende da aprovação de duas propostas: mudanças no pagamento
de precatórios, que são as dívidas judicias do governo, e reforma do Imposto de
Renda, que cumpre a regra de apontar uma nova fonte de recursos para a despesa.
O impasse coloca em lados opostos ministros como Fábio Faria
(das Comunicações), Rogério Marinho (do Desenvolvimento Regional), Ciro
Nogueira (da Casa Civil) e Paulo Guedes (da Economia), que tem dito nos
bastidores que está decepcionado. Guedes acredita que tem o apoio de Bolsonaro
e de Arthur Lira (presidente da Câmara) para continuar no Plano A, que consiste
em aprovar as medidas e lançar a reformulação do Bolsa Família sem prorrogar o
auxílio emergencial.
Nesse contexto, é importante entender que o Auxílio Brasil
depende da aprovação de mudanças nos precatórios e da reforma do Imposto de
Renda, que enfrentam resistência no Senado. Com o prazo apertado, aumentam as
chances de prorrogação do auxílio emergencial, e as conversas nos próximos dias
serão decisivas para saber o caminho que o governo vai seguir.
Segundo outra importante fonte da ala política, é preciso
uma definição até a metade de outubro.
Outro fato relevante entra nessa difícil equação política e
econômica. O auxílio emergencial é pago a 35 milhões de pessoas, e o novo Bolsa
Família seria repassado a 17 milhões de famílias, ou seja, outros 18 milhões de
pessoas podem ficar sem benefícios se não houver prorrogação do auxílio
emergencial.