r7 -27/04/2020 14:31
O ministro Paulo Guedes, da Economia, trabalha para desarmar
a bomba fiscal do plano Pró-Brasil. Desde que foi apresentado, Guedes tem
defendido que o plano, que prevê aumento de gastos públicos em investimentos em
obras e infraestrutura, não pode ameaçar o projeto de responsabilidade fiscal e
o teto de gastos. O aumento
dos gastos públicos, na opinião de Guedes, tem que ser cirúrgico.
Nesta segunda-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro reuniu
os seus ministros melhores avaliados no Palácio da Alvorada, e, na saída,
reiterou que quem
decide a economia é Paulo Guedes.
Guedes irá participar, às 15h, de uma coletiva de imprensa
com a equipe técnica do Ministério da Economia para tratar sobre a MP 958 e
demais ações de enfrentamento no combate ao coronavírus.
Desde a semana passada, Guedes sinalizava incômodo com o
plano, que a interlocutores chamava de o PAC do Marinho, em referência ao Plano
de Aceleração do Crescimento de Dilma e ao ministro de Desenvolvimento
Regional, Rogério Marinho, um dos formuladores do Pró-Brasil.
A principal divergência entre os projetos de Guedes e
Marinho é que o ministro da Economia quer injetar dinheiro privado na economia,
via crédito e concessões, já Marinho previa dinheiro público, o que poderia
comprometer os planos de Guedes de manter as contas controladas e poderia
acabar com a âncora fiscal (teto de gastos).
“Pra que falar em acabar com o teto se é ele que protege a
gente da tempestade? ”, questionou o ministro. Sobre o governo investir em
infraestrutura, Guedes falou que se o governo quiser, pode. Mas estão
descartados programas nacionais de desenvolvimento como foi feito no passado
porque o excesso de gastos "corrompeu a democracia brasileira".
“Nós não queremos virar a Argentina, nós não queremos virar
a Venezuela. Estamos em outro caminho. Caminho da prosperidade e não do
desespero”, acrescentou.
Questionado diretamente sobre a apresentação do plano sem a
presença do ministério da Economia, Guedes minimizou. “O presidente pediu a
todos nós estudos. O chefe da Casa Civil, general Braga Netto, é função dele
coletar os estudos. Ele coordena essas ações e da mesma forma a conta cai na
Economia, a conta é da Economia. Mas o presidente sabe que o caminho da
prosperidade é um caminho que terá sucesso.”
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto,
ressaltou que a disciplina fiscal é que vai manter o país no rumo certo, com
juros baixos e inflação baixa.
Mais tarde, no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que
ficou satisfeito com a fala de Guedes após o café e que Bovespa já subiu. O
presidente deve anunciar os nomes dos ministros da Justiça e diretor-geral da
Polícia Federal ainda nesta segunda.