r7 -15/09/2020 00:13
Uma das questões-chave do coronavírus que permanece sem
resposta é por quanto tempo dura a imunidade adquirida após a doença. Nesta
segunda-feira (14), um estudo publicado na Nature Medicine alerta que
a imunidade protetora contra a SARS-CoV-2 pode ser curta.
Para determinar isso, uma equipe de pesquisadores liderada
por Lia van der Hoek, chefe do laboratório experimental de virologia da
Universidade de Amsterdã (Holanda), analisou a imunidade em quatro cepas de
coronavírus sazonais semelhantes ao SARS-CoV-2.
As quatro cepas (HCoV-NL63, HCoV-229E, HCoV-OC43 e
HCoV-HKU1) causam infecções do trato respiratório e, de acordo com os autores
do estudo, entender quais características compartilhadas esses coronavírus têm
poderia ajudar a aprender mais sobre a SARS -CoV-2.
Para fazer o estudo, os autores examinaram 513 amostras de
soro coletadas regularmente de dez homens adultos saudáveis em Amsterdã desde
1980, ou seja, por mais de 35 anos.
Os autores mediram o aumento de anticorpos contra a proteína
do nucleocapsídeo (abundante no coronavírus) para cada coronavírus sazonal e
consideraram cada aumento de anticorpos como uma nova infecção.
De acordo com os resultados do estudo, cada paciente
registrou entre 3 e 17 infecções por coronavírus em períodos de reinfecção
entre 6 e 105 meses (8,7 anos), e que os indivíduos estudados foram infectados
pelo mesmo coronavírus sazonal doze meses após o infecção inicial.
Os autores também descobriram que amostras de sangue
coletadas na Holanda nos meses de junho, julho, agosto e setembro tiveram a
menor taxa de infecções nos quatro coronavírus sazonais, indicando uma maior
frequência de infecções de inverno no países temperados.
Os autores sugerem que o SARS-CoV-2 pode compartilhar o
mesmo padrão após a pandemia.
Embora mais pesquisas com coortes maiores sejam necessárias,
os autores acreditam que as reinfecções são comuns em todos os quatro
coronavírus sazonais, sugerindo que pode ser uma característica comum a todos
os coronavírus humanos, incluindo SARS-CoV-2.