agencia brasil -27/11/2020 11:59
Redução do crescimento guarda relação com a queda de
estimativa de produção de trigo, café e cana-de-açúcar. A produção de carne
bovina deve sofrer retração de 5,5%. Também há expectativa de decréscimo para
produtos da exploração florestal e da silvicultura, da pesca e da aquicultura,
para produção de peixe, crustáceos e moluscos.
As safras recordes de soja (alta de 4,6%) e milho
(crescimento 2,6%) reduzirão o impacto negativo das lavouras em baixa, da
pecuária de corte e de outros produtos. As previsões do Ipea são baseadas no
prognóstico da produção agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), nas projeções de safra da lavoura da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO).
O diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea, José
Ronaldo Souza Jr, assinala que o agronegócio manterá o “nível muito acima” de
crescimento na comparação com outros setores de atividade econômica. Ele
acrescentou que os possíveis resultados “não necessariamente irão induzir uma
piora na economia”. Segundo o especialista, as reduções de produção, por
exemplo, “não significam queda da atividade industrial ligada ao agro.”
Souza Jr admite que a redução da oferta de produtos
agropecuários e, especialmente, a depreciação do real poderão manter o preço
dos alimentos em alta neste fim de ano e em 2021. “A taxa de câmbio tem papel
muito importante na formação de preços”, explica, citando que o dólar em alta
tende a favorecer a exportação de produtos e pressionar os preços no mercado
interno.
Conforme descrito em nota do Ipea, “as exportações
brasileiras registraram crescimento de 6% de janeiro a outubro de 2020 na
comparação com o mesmo período de 2019, impulsionadas pelo açúcar (63%) e carne
suína (49%), soja (21%), algodão (21%) e carne bovina (20%).”
Esse efeito poderá seguir a despeito da crise econômica
provocava pela pandemia da covid-19 em todo o planeta. “Alimentos têm dinâmica
bastante específica. A demanda por esses produtos manteve-se em alta mesmo no
auge da crise no Brasil e em outros países”, destaca Souza Jr. No caso da soja,
por exemplo, a alta de preço entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano
foi de 37,4% na comparação com 2019.
O dólar em alta também pressiona o preço de insumos como
fertilizantes, defensivos agrícolas para a lavoura e ração para a criação de
animais para o abate.
O Ipea ainda assinala que as contratações de crédito rural
apresentaram bom desempenho entre julho e outubro, os primeiros meses do
ano-safra 2020-2021, com a concessão de R$ 92,3 bilhões de crédito, “uma alta
de 20,6% em relação ao mesmo período do ano passado”, contabiliza nota do
instituto. Segundo o texto, “mesmo com a expansão do crédito, a inadimplência
segue em níveis baixos.”