r7 -09/09/2024 12:54
A mudança no perfil do Ministério dos Direitos Humanos deve ir além da
escolha de uma mulher negra para o lugar do agora ex-ministro Silvio Almeida. O mais provável é que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva escolha alguém com alguma experiência política para o
cargo. Isso deverá marcar uma diferença em relação a Almeida, um homem negro
vindo da academia e do Direito e que estreou na vida pública ao assumir a pasta, em 2023.
O nome mais cotado hoje é o da deputada estadual Macaé
Evaristo (PT-MG). Também são citadas a ex-ministra Nilma Lino Gomes e a
deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). Todas elas já têm trajetória na
vida pública. Macaé Evaristo e Nilma Lino Gomes são de Minas Gerais. O
diretório local do PT pressiona para ter uma representante na Esplanada dos
Ministérios. Os três nomes foram levados a Lula no fim de semana pela
presidente do partido Gleisi Hoffmann.
Também circula o nome da Secretária Nacional de Acesso à
Justiça, Sheila de Carvalho. Ela é advogada e ligada ao grupo Prerrogativas,
influente no governo. Apesar disso, sua nomeação é vista como pouco provável
por causa da pressão petista pelo ministério. O nome de Silvio Almeida teria
superado esse tipo de obstáculo no começo de governo porque ele era uma
sumidade na área de Direitos Humanos antes das acusações de assédio sexual que
o derrubaram do ministério na semana passada.
Fontes do entorno de Lula ouvidas pela reportagem acreditam
que o petista nomeará logo alguém para o Ministério dos Direitos Humanos, hoje
interinamente administrado pela ministra Esther Dweck (Gestão), como forma de
enterrar as acusações de assédio sexual no governo. A escolha de uma mulher
negra para a pasta – esse perfil já é dado como certo para a sucessão de
Almeida – seria uma resposta para o desgaste sofrido pela gestão Lula nos
últimos dias. Além disso, é comum o petista ser cobrado por um aumento da
representatividade feminina no primeiro escalão.
A opção por uma mulher negra arrefeceu especulações sobre
outros nomes que circulavam como cotados para o cargo. Por exemplo: Felipe
Freitas, secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia; e Martvs Chagas,
que participou da transição de governo na área de igualdade racial.
É provável que Lula ouça a primeira-dama Rosângela da Silva,
a Janja, antes de tomar uma decisão sobre quem comandará o Ministério dos
Direitos Humanos. Janja tem interesse pela área. A primeira-dama está no Catar
para a celebração do Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques e
deve voltar a Brasília nos próximos dias.