noticias ao minuto -16/08/2024 23:07
Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que a
mpox é novamente uma emergência de saúde pública de interesse internacional, o
Ministério da Saúde negocia a compra da vacina que combate o vírus. No total, a
pasta busca adquirir 25 mil doses com a Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS).
O anúncio foi feito pela secretária de Vigilância em Saúde e
Ambiente (SVSA), Ethel Maciel, durante o evento de reinauguração do Centro de
Operações de Emergência em Saúde (COE), na última quinta-feira, 15. "Neste
momento, estamos negociando com a Opas um processo de compra. Para que, além
daquelas pessoas que já vacinamos, ter uma reserva no Brasil", afirmou.
Desde 2023, quando a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) liberou o uso provisório do imunizante conhecido como
Jynneos ou Imvanex, produzido pela farmacêutica Bavarian Nordic, cerca de 47
mil doses foram recebidas e mais de 29 mil foram aplicadas.
Segundo Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia
Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), houve
baixa adesão à campanha de vacinação contra mpox em 2023. A virologista é um
dos 16 membros do comitê da OMS que avaliou a emergência do surto de mpox.
"Talvez porque as vacinas só começaram a ser aplicadas
no início de 2023 e o pico do surto foi em agosto e setembro de 2022. Talvez
muitas pessoas já tivessem achado ah, o mpox
já acabou", especula. Ela ressalta que, na época,
o imunizante demorou a ser implementado como estratégia de combate à doença
porque havia um limite de produção das fabricantes e muita demanda ao redor do
mundo.
Quem pode tomar a vacina contra mpox
"A vacina (em massa) não se justifica, porque não é uma
doença que está afetando ou que ameaça assim o mundo inteiro", explica
Clarissa. Ela ressalta também que a doença afeta públicos específicos e o
imunizante é caro e pouco disponível. "É uma vacina cara porque é
fabricada em pouca quantidade. Então, não tem necessidade (da vacinação em
massa), acho que a população pode ficar tranquila", diz.
No Brasil, a situação é considerada de nível 1, a menos
alarmante. Não há registros de casos da nova variante do vírus mpox que se
espalha pela República Democrática do Congo, considerada mais letal.
Nesse cenário, o imunizante Jynneos deve ser aplicado em
duas doses, com um intervalo de quatro semanas entre elas, e apenas nos
seguintes casos:
- Pré-exposição: pessoas entre 18 e 49 anos que vivem com
HIV/Aids e profissionais que atuam diretamente em contato com o vírus em
laboratórios. Caso haja vacina disponível na rede, a imunização pode ser
indicada também para indivíduos em situação de profilaxia pré-exposição ao HIV
(PrEP). Nesses casos, a orientação é que a aplicação da vacina seja feita com
um intervalo de 30 dias entre qualquer imunizante previamente administrado.
- Pós-exposição: pessoas com mais de 18 anos que foram
expostas ao vírus mpox por contato direto ou indireto com fluidos e secreções
de uma pessoa contaminada, o que pode acontecer: pelo toque na pele ou mucosa;
por relações sexuais; pela inalação de gotículas em ambientes fechados de
convívio comum; pelo compartilhamento de objetos, especialmente os
perfurocortantes. Nesses casos, a recomendação é que a vacina seja administrada
em até quatro dias após a exposição. Apenas em situações excepcionais a
imunização pode ser realizada em até 14 dias, mas com redução da sua
efetividade.
Centro de Operações de Emergência
Além da compra das vacinas, o Ministério da Saúde também
reativou o COE, centro responsável por coordenar as ações de prevenção e
controle da mpox a nível federal. Ele foi ativado em julho de 2022, após a
declaração de emergência de saúde pública da OMS naquele ano. As operações
foram encerradas após a entidade declarar fim da situação emergencial, em 2023,
e agora será retomada.
De acordo com o ministério, após o surto de mpox em 2022, há
27 laboratórios de referência nacional realizando exame diagnóstico da doença.
"Atualmente, todo o País está abastecido com insumos para essa
testagem", afirmou, em nota.