r7 -26/05/2020 14:31
O governador
do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e a mulher dele, Helena Witzel, estão no
centro das investigações de corrupção no combate à covid-19, que resultou em
contratos de mais de R$ 2 bilhões de empresas e organizações sociais,
principalmente, ligadas ao empresário
Mário Peixoto, preso na Operação Favorito em 14 de maio.
Na decisão, o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça)
Benedito Gonçalves cita o MPF (Ministério Público Federal), que aponta
“indícios de participação ativa do governador quanto ao conhecimento e ao
comando das contratações das empresas [...], mesmo sem ter assinado diretamente
os documentos”.
Gonçalves alega ainda que Witzel tem o apoio da mulher na
organização criminosa e sustenta que há vínculos estreitos entre Helena e as
empresas de Mário Peixoto. O contrato de prestação de serviços e honorários
advocatícios entre o escritório de Helena e a empresa DPAD Serviços
Diagnósticos Ltda, bem como a transferência de recursos entre as empresas, são
destacados pelo ministro do STJ.
Em nota, Witzel
negou participação no esquema e quaisquer irregularidadesNa decisão, o
ministro do STJ mandou os agentes da PF apreenderem, de Witzel e dos demais
alvos, notebooks, computadores e smartphones; valores superiores a R$ 10 mil em
reais ou moeda estrangeira; e obras de arte de elevado valor.
Segundo as investigações, a cúpula do governo e o Instituto
de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), contratado por mais de R$ 1
bilhão para montar 7 hospitais de campanha, teriam fraudado orçamento para
serviço de montagem e desmontagem de tendas, instalação de caixas d’água,
geradores de energia e piso para formação de estrutura das unidades. Tudo com o
conhecimento do ex-secretário
estadual de saúde Edmar Santos, que foi exonerado do cargo, mas ganhou
outra secretaria para continuar com foro privilegiado.
Outro
citado na decisão do ministro é o secretário estadual de desenvolvimento
econômico, Lucas Tristão. Há informações de depósito no valor de R$ 225 mil
na conta do escritório de Lucas Tristão feito por uma empresa de Mário Peixoto.
O inquérito aponta ainda para ligação de Tristão com a Atrio
Rio Service Tecnologia. Tristão foi advogado da empresa contra o governo antes
de assumir a pasta. A Atrio ganhou neste ano um contrato com o Detran de mais
de R$ 26 milhões.
Mais cedo, PF (Polícia Federal) deflagrou a operação
Placebo, que cumpre 12 mandados de busca e apreensão, entre eles, no
Palácio Guanabara e no escritório da primeira-dama, Helena Witzel Sociedade
Individual de Advocacia.
Leia a nota de Witzel na íntegra:
"Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria
minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias
apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estranha-me e indigna-me
sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham
anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal
direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a
construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência
anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada. Estou à
disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o
desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure
rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do
Rio de Janeiro".