r7 -24/04/2020 11:49
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro,
anunciou durante um pronunciamento à imprensa a própria demissão nesta
sexta-feira (24). A saída ocorre após o presidente Jair Bolsonaro exonerar o
chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo, braço-direito e homem de confiança
do ex-juiz da Lava Jato.
A decisão
de demitir Valeixo foi publicada hoje no Diário Oficial da União e
surpreendeu o agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Foi ele próprio
quem escolheu Valeixo para comandar a PF.
O agora ex-ministro disse que, desde o segundo semestre do
ano passado, "o presidente passou a insistir na troca do diretor-geral da
PF".
- Não tenho nenhum problema, mas eu preciso de uma causa
relacionada a uma insuficiência de desempenho, erro grave [...] No geral, é um
trabalho bem feito. Várias dessas operações importantes, de combate ao crime
organizado e a corrupção, [...] o trabalho vinha sendo feito.
Moro completou dizendo que "não é questão do nome, há
outros delegados igualmente competentes. O grande problema é que haveria uma
violação à promessa que me foi feita, de ter carta branca, não haveria causa e
estaria havendo interferência política na PF, o que gera abalo na
credibilidade".
No começo do ano, o presidente disse que estudava a recriação
do Ministério de Segurança Pública, o que tiraria o comando da Polícia
Federal, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e a Polícia Rodoviária
Federal (PRF), os três órgãos mais importantes, da pasta de Moro.
Em agosto do ano passado, o presidente disse que o diretor
da PF era subordinado a ele e não a Moro, sinalizando que pretendia
trocar o comando.
Valeixo foi indicado por Moro para a direção-geral da PF
ainda em novembro de 2018, durante a transição presidencial. Ele
era superintendente da Polícia Federal no Paraná, onde, assim como Moro,
atuou na Operação Lava Jato.