agencia brasil -09/01/2023 08:32
O governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha,
ficará 90 dias afastado do cargo. Em decisão publicada na madrugada
desta segunda-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), citou descaso e omissão por parte do governador e
do então secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, que foi
exonerado ontem.
“O descaso e a conivência do ex-ministro da Justiça e
Segurança Pública e, até então, secretário de Segurança Pública do Distrito
Federal, Anderson Torres – cuja responsabilidade está sendo apurada em
petição em separado – com qualquer planejamento que garantisse a segurança e a
ordem no DF, tanto do patrimônio público – Congresso Nacional, Presidência
da República e Supremo Tribunal Federal – só não foi mais acintoso do que a
conduta dolosamente omissiva do governador do DF, Ibaneis Rocha, que não
só deu declarações públicas defendendo uma falsa “livre manifestação política
em Brasília” – mesmo sabedor, por todas as redes, que ataques às instituições e
seus membros seriam realizados – como também ignorou todos os apelos das
autoridades para a realização de um plano de segurança semelhante
ao realizado nos últimos dois anos, em 7 de setembro em
especial, com a proibição de ingresso na Esplanada dos Ministérios pelos
criminosos terroristas; tendo liberado o amplo acesso”, destacou o magistrado.
O chefe do Executivo local e o secretário de Segurança
exonerado Anderson Torres também serão incluídos no inquérito que
investiga atos antidemocráticos. A vice de Ibaneis, Celina
Leão (PP), assumirá o comando do Executivo local nesse período.
Moraes determinou ainda a desocupação total
do acampamento bolsonarista em frente ao Quartel do Exército, na área central
de Brasília, em até 24 horas. Os que insistirem, alerta o
ministro, poderão ser presos em flagrante e enquadrados em pelo menos sete
crimes diferentes. “Determino a desocupação e dissolução total, em 24 (vinte e
quatro) horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos quartéis generais
e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em
flagrante de seus participantes pela prática dos crimes previstos nos artigos
2ª, 3º, 5º e 6º (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei nº 13.260,
de 16 de março de 2016 e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L
(abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado),
147 (ameaça), 147-A, § 1º, III (perseguição), 286 (incitação ao crime)”.
A desocupação deverá ser feita pelas polícias
militares dos estados e Distrito Federal, com o apoio da Força Nacional e
Polícia Federal se necessário, devendo o governador do estado e DF ser intimado
para efetivar a decisão, sob pena de responsabilidade pessoal.
Em vídeo divulgado ontem (8) a noite, Ibaneis
Rocha pediu desculpas aos chefes dos Três Poderes. Segundo o
governador afastado, não se imaginava que os atos tomariam tal proporção. “Quero
me dirigir aqui, primeiramente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para
pedir desculpas pelo que aconteceu hoje em nossa cidade. Para a
presidente do Supremo Tribunal Federal [Rosa Weber], ao meu querido amigo
Arthur Lira [presidente da Câmara], ao meu querido amigo Rodrigo Pacheco
[presidente do Senado]”, disse.
Intervenção
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou
a publicação de um decreto que prevê a intervenção na área de segurança pública do governo do
Distrito Federal (GDF). A intervenção vai até 31 de janeiro deste
ano.