r7 -12/12/2020 09:59
Mais da metade dos 15 integrantes do Conselho de Segurança
das Nações Unidas denunciaram em um pronunciamento conjunto na sexta-feira (11)
os crimes contra a humanidade que ocorrem na Coreia do Norte como
resultado de políticas de governo.
"A gravidade, escala e natureza das violações da Coreia
do Norte revelam um estado inigualável no mundo contemporâneo, e esses crimes
são cometidos de acordo com políticas estabelecidas no mais alto nível do
estado", declarou o embaixador alemão na ONU, Christoph Heusgen, em um
discurso feito pela internet.
A declaração, também assinada por Bélgica, República
Dominicana, Estônia, França, Reino Unido, Estados Unidos e Japão, é o resultado
da comissão de inquérito da ONU sobre a Coreia do Norte e foi divulgada logo
após uma sessão fechada do Conselho de Segurança para discutir a situação no
país.
Os oito países também disseram que cerca de 100 mil pessoas,
incluindo crianças, estão sendo mantidas em campos de prisão políticos
"onde são submetidas a tortura, trabalhos forçados, execuções sumárias,
fome, violência sexual e de gênero e outras formas de tratamento
desumano".
Muitos dos prisioneiros, disseram, estão nesses campos por
causa do que definiram como sistema de culpa por associação, que permite que
até três gerações da mesma família, incluindo crianças, sejam aprisionadas
junto com os acusados.
"O governo norte-coreano busca, e em muitos aspectos
conseguiu, o controle total sobre o povo norte-coreano", destacaram os
integrantes do conselho, que completaram dizendo que são especialmente as
mulheres as que mais sofrem com as medidas cruéis.
De acordo com os representantes da ONU, desertores revelaram
que qualquer pessoa com mais de 12 anos é forçada a assistir às execuções
públicas, que servem para lembrar aos cidadãos as consequências de se oporem ao
governo.
A liberdade de expressão, associação, movimento ou religião
são "tão restritas que na prática são inexistentes", o que levou
dezenas de milhares de norte-coreanos a fugir do país, enquanto as nações
através das quais eles fogem são obrigados a repatriar aqueles que buscam
asilo.
Ainda segundo eles, no retorno ao país, são vítimas de
tortura, violência sexual, prisão, abortos forçados e, em alguns casos,
execuções. Além disso, o regime de Kim Jong-un está usando a pandemia do
coronavírus para atentar contra os direitos humanos de seu próprio povo.
"Estamos muito preocupados com um aumento significativo
das execuções relacionadas à Covid-19, bem como com o controle dos movimentos
na capital e nos arredores", alertou o grupo de países liderado pela
Alemanha, que argumentou que as violações dos direitos humanos representam
"uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais".
Eles exigiram que o país abandonasse suas armas nucleares e
programas balísticos "de forma totalmente verificável e
irreversível", de acordo com a resolução pertinente do Conselho de
Segurança.