g1 -13/09/2024 21:13
Durante seis meses, 19 empresas brasileiras participaram de
um experimento
para reduzir a jornada de trabalho. A ideia era que os funcionários
trabalhassem apenas quatro dias por semana, porém mantendo 100% do salário e da
produtividade.
Com base nos relatos de líderes e funcionários de algumas
dessas companhias, o g1 elaborou
uma lista de prós e contras da semana de 4 dias de trabalho (veja abaixo).
Entre os desafios, trabalhadores relataram dias mais
corridos e a necessidade de aprender as funções dos colegas, para cobri-los na
folga. Ainda assim, todos concordam que os benefícios da jornada reduzida
se sobressaíram.
Semana
de 4 dias: por que algumas empresas decidiram não manter todas as folgas após
teste
O que dizem os participantes
PRÓS ✅
“A gente tem a ‘hora do foco’ diária. É um momento sem
reunião, sem responder mensagens. A gente também tem feito reuniões mais
concisas, mais rápidas, com menos gente”, detalha a diretora Roberta Faria, da
Mol Impacto, empresa de produtos sociais.
Assim, “a área [que aderiu à semana de 4 dias] se tornou a
mais eficiente da empresa, disparando na frente das outras”.
“Eu participei da minha primeira corrida de rua”, diz
Rafaela Carvalho, funcionária da Mol. “Criei o hábito de fazer mais
atividade física e também consigo visitar mais locais em São Paulo, posso
ser turista na minha própria cidade.”
“Uso a folga para resolver questões burocráticas, fazer
exames, coisas que precisam ser feitas em dias úteis”, comenta Emília
Junqueira, coordenadora de projetos da Greco, empresa de design gráfico.
"As faltas e atrasos realmente melhoram bastante porque
a pessoa consegue se organizar melhor. É claro que se ocorre um acidente, tudo
bem, mas as ausências sem justificativa diminuíram", afirma Eduardo
Hagiwara, diretor geral do Hospital Indianópolis, que aderiu ao projeto com a
área administrativa.
“É um diferencial muito grande da empresa. Todos os meus
amigos falavam sobre isso, perguntavam como estava sendo. Todo mundo
queria mandar currículo para a gente”, afirma Tadeu Carazza, associado do
escritório Clementino e Teixeira Advocacia.
CONTRAS ❌
“A parte em que mais tivemos desafios foi a dos advogados
que trabalham com processos porque eles têm prazos judiciais, audiências e
compromissos com clientes atrelados a esses prazos. Às vezes, o advogado
já fez a parte dele, mas depende de um documento que o cliente não entregou”,
conta Soraya Clementino, sócia-fundadora do escritório Clementino e Teixeira.
“O ritmo de trabalho definitivamente aumenta e a pressão
também porque a gente tem muita vontade de entregar resultado e fazer [o
projeto] dar certo. O que funciona na prática é cortar as distrações”,
afirma Rafaela, da Mol Impacto.
“Um precisa saber como cobrir o trabalho do outro”,
destaca a diretora Roberta Faria.
“Todos nós tivemos que nos empoderar. O que o analista
precisa saber para estar preparado para uma determinada reunião, no lugar do
gerente?”, continua a funcionária Rafaela.
“Temos que pensar que a empreitada é coletiva. Não posso
fazer o que estou com vontade no dia. Tenho que seguir o planejamento”,
explica Cláudia Carmello, sócia-fundadora da agência de publicidade PiU
Comunica.
“A gente contratou uma pessoa, mais no final do projeto, e
uma ferramenta de inteligência artificial, de pesquisa de jurisprudência. Teve
um custo inicial de 3 a 4% da nossa empresa, mas acredito que é um
investimento baixo face ao tamanho do ganho”, diz Soraya, do escritório de
advocacia.