r7 -03/07/2021 22:43
A Polícia Federal afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal)
ter indícios de que o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da
Covid, recebeu R$ 1 milhão em propina da Odebrecht em troca do apoio a um
projeto do interesse da empreiteira no Senado, quando era presidente da Casa.
No inquérito 4382, aberto em 2017, a PF indicia o senador pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O senador nega as acusações e diz que trata-se de uma
retaliação pela sua atuação na CPI. "É uma surpresa que justamente agora,
quando a PF, instituição de Estado, abre a investigação sobre a Precisa para
facilitar Habeas Corpus do vendedor da vacina da propina e garantir seu
silêncio na CPI, tentem essa retaliação. Mas não irei me intimidar. Os culpados
pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão
pagar."
Ele diz ainda que o inquérito não tinha provas e mesmo assim
foi prorrogado. "A Polícia Federal não tem competência para indiciar
senador. Apenas o STF. Essa investigação está aberta desde março de 2017 e como
não encontraram prova alguma, pediram prorrogação."
Com a finalização do inquérito pela PF, o Supremo deve
enviar o caso para a PGR (Procuradoria-Geral da República) que irá decidir se
denuncia o senador ou se arquiva o caso. Caso a PGR ofereça denúncia e o STF
aceite, o senador responderá a processo.
O advogado Luís Henrique Machado, que defende Renan
Calheiros, diz a vida do senador foi devassada e não foi encontrado qualquer
indício de ilicitude nos seus atos.
"O Senador Renan Calheiros é investigado desde 2009
pela Procuradoria-Geral da República. Sob o aspecto investigativo, a sua vida
foi devassada e jamais foi encontrado qualquer indício de ilicitude sobre os
seus atos. Nunca tratou, tampouco autorizou ou consentiu que terceiros falassem
em seu nome. Por fim, importante salientar que aproximadamente dois terços das
investigações contra o Senador já foram arquivadas por falta de provas. Assim
como os demais inquéritos, a Defesa está confiante que a investigação da Odebrecht
também será arquivada, até porque nenhuma prova foi produzida em desfavor do
Senador, restando, somente, a palavra isolada dos delatores".
Já a construtora afirma que, atualmente, todos os atos da
empresa são pautados pela ética. "A antiga Odebrecht, que hoje se chama
Novonor, colaborou com a Justiça a partir de 2016. Desde essa época, a empresa
fez acordos no Brasil com o MPF, AGU, CGU e CADE, e no exterior com o DOJ
(EUA), Banco Mundial e BID, além de instituições de mais seis países. Todos os
integrantes da empresa hoje têm compromisso com a ética, a integridade e a
transparência."