divulgação -06/09/2021 18:35
Após 26 anos quase quatrocentos servidores municipais em
Andradina lutam para receber na Justiça do Trabalho [JT] em torno de R$ 100
milhões em precatórios referentes ao Processo 848/95. Infelizmente, muitos
deles faleceram sem ver a cor do dinheiro e dezenas de outros correm esse
risco.
Na tentativa de agilizar esse processo, o servidor
beneficiado na ação e ex-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos
Municipais, José Mário Dias [Zé Mário], decidiu liderar um movimento após ter
sido procurado por dezenas de aposentados na lista dos precatórios.
Segundo ele, no acordo com a JT ficou definido que os valores
retidos para pagamento alimentício, beneficiariam primeiramente os
servidores acima de 60 anos, pressupondo-se que a expectativa de vida da classe
seja bem menor.
Acontece que desde abril de 2019 já estão depositados
aproximadamente R$ 16 milhões, mas a JT não efetiva a liberação. “Se a gente
for na prefeitura consultar, consta que os aposentados já receberam, mas isso
não reflete verdade porque o valor está retido”, alerta o ex-presidente do
Sindicato.
Segundo ele, de alguma forma advogados vêm tentando fazer
com que a JT execute esses pagamentos, mas os juízes alegam dificuldades em
virtude da pandemia. “Também ocorre a troca de magistrados e nessa transição rotineira
em Andradina eles acabam não se interessando muito pelo caso, ao que parece”,
avalia Zé Mário.
“Desses quase 400 servidores muitos morreram sem receber.
Quem moveu a ação foram os trabalhadores e eles querem receber em vida, não
deixar tudo para filhos, netos ou bisnetos”, argumenta o ex-presidente. Para
ele, a pandemia não é justificativa plausível para liberar os valores, mesmo
porque os depósitos nas contas dos servidores não são feitos desde 2019.
Outrora a JT alega que o pagamento tem que ser presencial
porque não sabe se a pessoa está morta. “Creio que isso é possível descobrir em
segundos e não pode servir de argumento para não liberar os pagamentos desses
precatórios. Com isso a situação dos servidores só agrava”, enfatiza Zé Mário.
DINHEIRO PARADO
Na avaliação do servidor, “não é justo deixar R$ 16 milhões
parados na Primeira Vara da JT em Andradina com o comércio precisando de
dinheiro e os servidores sonhando em realizar a compra de um carro, de uma casa
ou mesmo reformar o imóvel, entre outros projetos”.
De acordo com o ex-presidente do Sindicato, os servidores
acima de 60 anos não podem esperar mais e a intenção é levar todos os aposentados
à Câmara, fazer a discussão e dar um ultimato a JT.
MANIFESTO
“Vamos colocar os 400 acampados em frente à sede da JT durante
24h até que os pagamentos sejam depositados, com ou sem pandemia”, anuncia Zé
Mário, reforçando que a justiça recolhe os valores dos precatórios direto nos
cofres públicos.
De acordo com o servidor, existem trabalhadores que tem R$
200 mil para receber, mas num acordo feito na JT se pagaria até 40 salários
mínimos aos que têm mais 60 anos, e que por sua retornariam ao final da fila.
Ou seja, voltam a ser pagos, por ordem alfabética, após todos os demais
receberem.
Zé Mário teme que esse processo atinge 40 anos, situação que
considera vergonhosa, mas pode ocorrer. “A culpa é da JT e mais do que nunca os
servidores estão agitados e ao mesmo tempo inseguros, por conta da PEC do
Precatórios em avaliação no Congresso e que prevê o parcelamento dos valores em
até 10 anos”, conclui.