Prazo se esgota e CNE não divulga resultados eleitorais da Venezuela

metropoles -01/08/2024 12:23

O prazo de 72 horas para a divulgação dos resultados eleitorais na Venezuela terminou e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não divulgou o total de votos ou as atas eleitorais para confirmar a vitória de Nicolás Maduro.

A legislação venezuelana estabelece que o resultado das eleições deve ser divulgado até três dias após o pleito, mas, até o momento, não há confirmação oficial dos números.

Apesar da ausência de dados oficiais, o CNE proclamou Maduro como presidente reeleito nessa segunda-feira (29/7), sem fornecer o registro completo dos votos.

As regras do órgão estipulam que o sistema eletrônico permita a divulgação imediata dos boletins de urna, o que ainda não ocorreu. Além disso, o Conselho havia prometido disponibilizar as atas eleitorais no mesmo período, o que também não foi cumprido.

Desconfianças

Com o aumento da pressão interna e externa, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu entregar 100% das atas eleitorais que estão nas mãos de seu partido e, assim, comprovar sua vitória nas eleições do último fim de semana.

Em entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros, Maduro colocou a culpa no atraso da divulgação dos resultados em um ataque hacker contra o CNE, que ficou horas fora do ar no dia seguinte às eleições.

A falta de transparência aumenta a suspeita de que Maduro não honrará sua promessa de divulgar todas as informações eleitorais.

Pressão internacional

Durante um pronunciamento, o presidente venezuelano se colocou como vítima, acusando a mídia e organizações de direita de tentar desestabilizar o país.

Enquanto isso, a comunidade internacional expressa preocupação. Brasil, Colômbia e México ainda não chegaram a um acordo para um comunicado conjunto exigindo a divulgação das atas eleitorais.

Colômbia defende uma auditoria internacional, enquanto o Brasil prefere uma checagem imparcial do resultado.

Os Estados Unidos, por sua vez, ameaçam tomar medidas contra a Venezuela, caso o país não comprove a vitória de Maduro.

Brasil se abstém em votação na OEA

governo do Brasil se absteve em uma votação na Organização dos Estados Americanos (OEA) que pedia transparência no resultado das eleições na Venezuela e aumentava, ainda mais, a pressão internacional contra Nicolás Maduro.

O texto final acabou não sendo aprovado durante discussão realizada nesta quarta-feira (31/7). O Brasil, inclusive, se posicionou contra qualquer intervenção externa na política interna venezuelana, temendo que sanções econômicas adicionais agravem ainda mais a crise no continente.

Eram necessários 18 votos para que a proposta, liderada por Estados Unidos, Uruguai, Paraguai e Argentina, fosse aprovada. No entanto, além da abstenção do Brasil, a Colômbia não votou para aprovar ou reprovar o texto. O México, que reconheceu a vitória de Maduro, estava ausente na votação.

Entre os principais pontos, a medida pedia que o governo de Maduro divulgasse o resultado da votação das eleições do último domingo e permitisse que observadores independentes verificassem os dados do pleito. A resolução ainda pedia respeito aos direitos humanos e de manifestação na Venezuela.

Um dia antes da votação, a OEA rejeitou o resultado final das eleições divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e disse que os números apresentados não mereciam confiança ou “reconhecimento democrático”.