r7 -07/07/2021 11:55
O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado
dentro da residência oficial na madrugada desta quarta-feira (7), de acordo com
o premiê do país, Claude Joseph. A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph Moïse, também foi baleada e morreu
no hospital. Os autores do ataque ainda não foram identificados. As
informações foram confirmadas pelas agências internacionais Reuters, EFE e AFP.
Joseph repudiou o "ato odioso, inumano e bárbaro" e pediu calma.
"Todas as medidas para garantir a continuidade do Estado e proteger a
Nação foram tomadas. A democracia e a República vão vencer", afirmou.
O país passa por uma intensa crise política e econômica.
Desde 2018, milhares de haitianos marcham pelas ruas do país e pedem melhores
condições de vida. Os protestos começaram depois do aumento do preço da
gasolina, em 2018, e causaram a renúncia do então primeiro-ministro, Jack Guy
Lafontant. Neste ano, os protestos pediam a renúncia de Moise, um empresário do
setor da banana que chegou ao cargo sem experiência política.
NOVA ELEIÇÕES
A mulher do presidente também foi baleada, mas sobreviveu ao atentado - CHANDAN KHANNA/AFP – 07.01.2020
Ontem, o recém-nomeado e novo primeiro-ministro do Haiti,
Ariel Henry, garantiu que sua prioridade seria a preparação das eleições, que
devem ocorrer em um "ambiente favorável", evento que parece remoto
diante da atual instabilidade neste país caribenho.
“Minha missão é simples. O presidente me instruiu a criar um
ambiente propício à organização de eleições inclusivas, com alta participação”,
disse ele em entrevista exclusiva por telefone à AFP.
Jovenel Moïse havia nomeado o médico Ariel Henry como
primeiro-ministro na segunda-feira (5). Henry é o sétimo a ocupar o cargo em 4
anos. “Hoje trabalho na formação do meu governo”, sublinhou o novo premiê, que
ocupará o lugar de Joseph, nomeado em meados de abril.
O Haiti, a nação mais pobre do continente americano, é
atormentado pela insegurança, especialmente por sequestros de resgate
realizados por gangues. O presidente Moïse, que era acusado de inação diante da
crise, enfrentava forte desconfiança de grande parte da população civil.
Nesse contexto, gerando temores de uma virada para a
anarquia generalizada, o Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos e a
Europa já consideravam a realização de eleições legislativas e presidenciais
livres e transparentes como uma prioridade até o final de 2021.
O presidente tinha estabelecido como objetivos "formar
um governo aberto", "resolver o flagrante problema da
insegurança" e trabalhar "pela realização das eleições gerais e do
referendo", disse Henry.
Este referendo constitucional, inicialmente previsto para 27
de junho e posteriormente adiado em meio à crise, era promovido por Moïse, mas
amplamente contestado pela oposição. O presidente era acusado de desrespeitar
as disposições da Constituição em vigor.