isto e -11/12/2022 23:53
Os protestos contra o novo governo do Peru aumentavam neste
domingo no interior do país, com manifestações e a convocação de uma
paralisação nacional exigindo a renúncia da presidente Dina Boluarte e a
convocação de novas eleições.
As mobilizações cresceram em cidades do norte e sul andinos
pelo quarto dia, em rejeição ao Congresso e pedindo a libertação do
ex-presidente esquerdista Pedro Castillo, destituído no último dia 7.
Milhares de pessoas se reuniram em Cajamarca, Arequipa,
Tacna, Andahuaylas, Huancayo, Cusco e Puno, segundo imagens transmitidas por
emissoras de TV locais. Em Andahuaylas, onde os protestos deixaram 16 civis e
quatro policiais feridos neste sábado, os confrontos entre manifestantes e
policiais foram retomados.
– Paralisação por tempo indeterminado –
Sindicatos agrários e organizações camponesas e indígenas
anunciaram uma paralisação por tempo indeterminado a partir da próxima
terça-feira, somando-se aos pedidos de fechamento do Congresso, eleições
antecipadas e uma nova Constituição, segundo comunicado da Frente Agrária e
Rural do Peru. O coletivo também reivindica a “libertação imediata” de
Castillo.
Em Lima, o partido esquerdista Peru Livre convocou uma
manifestação para a tarde de hoje na Praça San Martín, epicentro das
manifestações políticas no Peru. Lima sempre deu as costas a Castillo, enquanto
as regiões andinas se identificaram com ele desde as eleições de 2021.
O Congresso, dominado pela direita, anunciou que iria se
reunir nesta tarde para analisar a situação.
“Até agora, a presidente não foi clara sobre a grande
questão: estamos em um governo de transição ou estamos diante de uma autoridade
que pretende ficar até 2026?”, disse à AFP a analista política Giovanna
Peñaflor. “Ela deveria ter claro que seu papel é facilitar as novas eleições
gerais, e que esse é o caminho que irá augurar que ela tenha alguma
estabilidade que permita que o gabinete atual não seja como os anteriores e
acabe sendo relegado.”