EFE -22/03/2023 21:14
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei
Ryabkov, disse nesta quarta-feira (22) que o risco de um conflito nuclear no
mundo é o maior em várias décadas, em alusão às tensões com o Ocidente sobre
a campanha
militar russa na Ucrânia.
Apesar da declaração, Ryabkov assegurou que a Rússia
continua a afirmar que "o mundo deve estar livre e a salvo da ameaça
nuclear".
O diplomata russo admitiu que Moscou está agora, "de
fato, em conflito aberto com os Estados Unidos", a quem acusou de
"praticamente" fazer parte do conflito na Ucrânia.
Por essa razão, a Rússia não pode se comportar "como
antes", e a consequência direta é a suspensão do último tratado de
desarmamento nuclear em vigor entre a Rússia e os EUA, o Novo Start.
Além disso, Ryabkov considerou que carece totalmente de
"senso político" a possibilidade de Moscou regressar ao cumprimento
do tratado, cuja aplicação foi suspensa pelo presidente russo, Vladimir Putin,
no mês passado.
"Era necessário ter chegado a um acordo antes, agora
isso é impossível. Do ponto de vista legal, o tratado foi totalmente suspenso
da nossa parte", ressaltou, acrescentando que, ao avaliar o futuro do Novo
Start, que expira em 2026, Moscou levará em conta o "arsenal
conjunto" de EUA, Reino Unido e França. Ryabkov frisou que neste momento
"não há pontos de acordo" entre as duas partes e que a única condição
em cima da mesa é que Washington mude o "curso hostil" que tem tomado
em relação à Rússia desde 2010.
Em sua opinião, o nível de hostilidade "absolutamente
sem precedentes" dos EUA, a escalada do conflito na Ucrânia e a guerra
híbrida total contra o país "alteraram profundamente a situação no campo
da segurança" para a Rússia.
O diplomata lembrou ainda que Putin e Xi Jinping, mandatário
da China, proclamaram na véspera em uma declaração conjunta que “não pode haver
vencedores em uma guerra nuclear”, razão pela qual “nunca deve ser
desencadeada”.
No documento, adotado no âmbito da visita de Estado de Xi a
Moscou, os dirigentes pedem aos cinco países signatários da declaração conjunta
sobre a prevenção da guerra nuclear e da corrida armamentista (EUA, Rússia,
China, França e Reino Unido) que sigam os princípios fundamentais.
Isso inclui "a redução efetiva do risco de guerra
nuclear e qualquer conflito armado entre Estados que possuam armas
nucleares".
Em novembro de 2022, os dois países iriam retomar o diálogo
estratégico no Cairo, mas a Rússia decidiu no último minuto adiá-lo
indefinidamente devido à "falta de vontade" de Washington em levar em
consideração as prioridades russas.
Os Estados Unidos haviam suspendido anteriormente o diálogo
sobre controle de armas após a intervenção da Rússia na Ucrânia.
Moscou, por sua vez, informou Washington em agosto da
decisão de proibir inspeções americanas ao arsenal de armas nucleares, alegando
dificuldades para fazer o mesmo nos EUA devido a sanções ocidentais
relacionadas a permissões de sobrevoos e concessões de vistos a funcionários
russos.
Em fevereiro de 2021, Putin e Joe Biden prorrogaram por
cinco anos o último tratado de desarmamento nuclear em vigor entre as duas
potências, assinado em 2010.