r7 -09/03/2022 15:07
O estado de São Paulo retirou, nesta quarta-feira (9), a
obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção contra a Covid-19 ao ar livre. O
anúncio foi feito pelo governador João Doria (PSDB) durante coletiva de
imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista. Doria assinou o
decreto que permite a liberação da proteção em ambientes abertos, como parques,
ruas, centros de eventos, entre outros.
As máscaras, contudo, continuam valendo em locais fechados.
O governo afirmou que, caso os indicadores continuem estáveis ou em queda, a
flexibilização total pode ocorrer nas próximas duas semanas. "Havendo a
continuidade dos bons indicadores no número de casos, internações e óbitos e do
aumento da vacinação poderemos anunciar ainda este mês a flexibilização [das
máscaras] em ambientes fechados", disse Doria.
Segundo dados do vacinômetro, 98,89% da população tem pelo
menos uma dose da vacina e 89,27% estão com o esquema vacinal
completo. "São Paulo construiu um caminho seguro com a
vacinação", afirmou Regiane de Paula, coordenadora do PEI (Programa
Estadual de Imunização).
O uso do equipamento foi instituído pelo governo em
ambientes fechados e abertos em maio de 2020 como forma de evitar a
disseminação da doença. Desde então, o uso da proteção vem sendo mantida pelo Comitê Científico do
estado.
"Desde maio de 2020, a gente esperava por esse momento
e hoje ele se concretiza. Tivemos uma coletiva em novembro em que o Comitê
avaliava essa medida e no dia seguinte houve a identificação da variante
ômicron", disse Paulo Menezes, coordenador do órgão.
Menezes lembrou que, no final de janeiro, as projeções
sugeriam um pico da onda disseminada pela variante Ômicron em fevereiro.
"Mas já estava acontecendo. O pico foi na quarta semana do ano, no fim de
janeiro. Esse adiantamento é consequência de todas as medidas tomadas e da
vacinação", disse o médico. "Temos uma perpectiva bastante positiva
de continuar melhorando nos indicadores."
"Não posso dizer que a pandemia está no fim, mas ela
está num momento extremamente favorável. Ainda assim as aglomerações favorecem
a disseminação do vírus, a nossa recomendação é que as pessoas se protejam."
O coordenador executivo, João Gabbardo, afirmou que a
flexibilização deve ser feita com segurança. "Nada mais lógico do que
começar a flexibilização com os ambientes abertos. Em ambientes fechados, o
Comitê Científico mantém a obrigatoriedade das máscaras."
O médico citou alguns exemplos de situações em que as
máscaras devem ser mantidas. São elas: pessoas com sintomas gripais; pessoas
que não foram vacinadas; pessoas imunodeprimidas e em ambientes com grandes
recomendações.
Em relação às escolas, o secretário estadual de educação,
Rossieli Soares, afirmou que a medida vale da mesma forma. "As crianças
vão poder estar nos parques e nos ambientes abertos já sem máscaras. Nas salas
de aulas, as máscaras continuam obrigatórias. Nas quadras não será necessário
ou em qualquer outro ambiente aberto." Em ambientes fechados como trens,
metrô, ônibus, shoppings centers e estabelecimentos comerciais em geral o uso
do equipamento é obrigatório.
Transmissão e flexibilização
Estudos têm afirmado que a possibilidade de transmissão da
doença é menor em ambientes ao ar livre, enquanto é mais alta em locais
fechados e sem ventilação, mesmo quando há distanciamento social.
Em cerca de dois anos de pandemia, a flexibilização do uso
de máscara só começou a ser planejada pelo governo em novembro do ano passado.
Com os indicadores da pandemia em baixa e o alto índice de vacinação no estado,
o governo chegou a anunciar a flexibilização, mas voltou atrás depois da
descoberta da variante Ômicron, muito mais transmissível.
A cautela se mostrou necessária depois que a variante varreu
o país e o estado a partir do final do ano passado e fez a média móvel de casos
atingir os piores indicadores de toda a pandemia no começo de 2022. Com 82,7%
da população imunizada com as duas doses, a cepa não teve o mesmo impacto
avassalador no número de mortes e internações.
Depois de atingir o pico da onda da Ômicron no início de
fevereiro, o estado apresenta atualmente queda de 62% nas internações em
enfermarias e de 52% nas internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva),
segundo o governo.
Além de São Paulo, outros estados que desobrigaram as
pessoas parcialmente do uso de máscara são Rio de Janeiro, Maranhão, Mato
Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além do Distrito Federal.
O secretário estadual de saúde, Jean Gorinchteyn, divulgou
os dados referentes a última semana epidemiológica. A taxa de ocupação em UTI
em todo o Estado é de 37,6% e na Grande São Paulo, 37,1%. Nesse período, os
casos de Covid-19 tiveram queda de 42,2%, as internações caíram 28,5% (e 76,6%
nos últimos 30 dias), e os óbitos registraram queda de 56% no último mês.