r7 -17/01/2021 15:25
Criado em 2013 com o intuito de combater e denunciar casos
de agressão de gênero em São Paulo, o SOS - Violência Contra A Mulher se tornou
um “serviço fantasma” na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado). Apesar de
constar no organograma da Casa e ser citado em matérias institucionais, o
serviço não funciona há quase sete anos e é desconhecido dos próprios
parlamentares.
Sua ativação é simples, depende apenas da iniciativa do
presidente da Comissão de Direitos Humanos. Isso porque, além de aprovada, a
resolução de autoria do ex-deputado petista Adriano Diogo garantiu um orçamento
próprio e até quatro servidores. Para tirar do papel, basta que o presidente da
Comissão solicite à Mesa Diretora os valores necessários e indique os
funcionários.
Além de receber e encaminhar denúncias de violência a órgãos
competentes, o serviço tem entre suas atribuições a implementação de ações para
o combate à violência contra mulher; a promoção de seminários, audiências e
eventos; e a oferta de orientação psicológica e jurídica gratuita às vítimas.
“Um dos problemas dos serviços de proteção e acolhimento de
mulheres vítimas de violência é justamente o fato de serem descentralizados e,
muitas vezes, descontinuados, a depender da troca de poderes e gestores. Isso
ameaça a possibilidade de criação de mecanismos eficazes e perenes”, afirmou a
advogada Tainã Góis, conselheira de Política para Mulheres do Município de São
Paulo.
O único período em que há registro de funcionamento do SOS é
entre 2013 e 2015, durante o mandato de Diogo. “Eram três servidoras em período
integral. Com a orientação de funcionários da delegacia que tinha na Alesp, a
gente colhia depoimentos das vítimas de violência e encaminhava aos órgãos
responsáveis. Também fizemos audiências com especialistas para falar sobre o
tema”, disse o ex-deputado.
Com o fim do mandato de Diogo, o serviço foi esvaziado.
Nenhum dos três presidentes da comissão deu prosseguimento ao SOS. A Alesp e o
colegiado não informaram se alguma verba foi movimentada nesse período.
O sucessor do petista, o ex-deputado Carlos Bezerra Jr.
(PSDB), vinculou a inoperância em sua gestão à ausência de um relatório de
atividades apresentado por Diogo e à existência da Procuradoria Especial da
Mulher. Segundo ele, há uma “sobreposição” de atribuições e o serviço gerava
“custos extras aos cofres públicos, sem qualquer demonstração de resultado
efetivo”. O petista, no entanto, disse ter procurado Bezerra para realizar um
“rito de passagem” e explicar sobre o funcionamento do órgão.
Argumento parecido ao de Bezerra foi usado pela deputada
Adriana Borgo (PROS), que assumiu interinamente a presidência da comissão. Para
ela, o SOS é “plenamente suprido” por uma Comissão Permanente de Defesa e dos
Direitos das Mulheres e pela Frente Parlamentar em Defesa da Vida das Mulheres.
Apesar disso, ela não pretende propor a extinção do órgão. Beth Sahão (PT), que
estava na presidência até perder o mandato, afirmou que não se lembra do
serviço.