r7 -06/01/2022 13:41
A Prefeitura de São Paulo decidiu, nesta quinta-feira (6),
cancelar o Carnaval de rua na capital. A medida foi anunciada pelo prefeito
Ricardo Nunes (MDB) em decorrência do crescimento dos casos de Covid-19 no
município.
Apesar do cancelamento, Nunes manteve os desfiles das
escolas de samba de São Paulo no Sambódromo do Anhembi, que devem se realizar
nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro. Eles só poderão ocorrer se a Liga
aceitar os protocolos sanitários.
Na manhã desta quinta-feira, o prefeito participou de uma
reunião com secretários municipais do Comitê Executivo para analisar e discutir
a realização do Carnaval em São Paulo. No encontro, do qual participou o
secretário de Saúde, Edson Aparecido, foi apresentado um estudo da vigilância
epidemiológica antes da tomada de decisão.
O estudo alertou sobre o aumento da transmissibilidade da
variante Ômicron, identificada no dia 23 de novembro na África do Sul. Com
isso, a Secretaria Municipal de Saúde recomendou a intensificação da vacinação
das doses de reforço anti-Covid-19, a manutenção do uso obrigatório de máscara
e das demais medidas sanitárias.
A pasta ressaltou ainda que seja evitado qualquer tipo de
aglomeração que não possa ter "controle sanitário seguro" e o
"cancelamento de todas as atividades relacionadas ao Carnaval de rua de
2022 na capital, bem como de atividades que não tenham controle
sanitário".
Além de São Paulo, o Distrito Federal e outras 12 capitais
cancelaram o Carnaval de rua: Rio de Janeiro, Salvador, Florianópolis, Recife,
Fortaleza, Curitiba, Cuiabá, Campo Grande, São Luís, Belém, Belo Horizonte e
Maceió. A medida vem sendo tomada em razão do atual quadro de infecção pelo
coronavírus e do aumento de infecções pelo vírus influenza.
Na tarde desta quarta-feira (5), o governador de São Paulo,
João Doria (PSDB), disse que a decisão sobre o Carnaval de rua cabe às
prefeituras, mas se posicionou contrário à realização. "Não é o momento
para aglomerações dessa ordem. Portanto, a recomendação é evitar que [isso]
aconteça."
O coordenador-executivo do Comitê Científico do Estado, João
Gabbardo, disse considerar "impensável manter o Carnaval [de rua] nestas
condições". Afirmou: "Mesmo o Carnaval de desfile, nós temos de
ter uma preocupação, porque essas pessoas, para chegar ao local de desfile, vão
se aglomerar no transporte coletivo, vai ter aglomeração na entrada, na saída.
E isso sempre é um risco".
Gabbardo completou: "Mesmo no desfile, as pessoas vão
se aglomerar no transporte coletivo, no metrô, no trem, no ônibus, e isso é
sempre um risco. Neste momento, é um risco muito alto, então tem que ser
analisado com essa preocupação".
Segundo o médico infectologista Ésper Kallas, observar o
curso da Ômicron na África do Sul pode ajudar o país a compreender essa nova
variante do coronavírus. "Eles perceberam que houve um aumento vertiginoso
e um pico 30 dias depois do aumento, então teve um ciclo bem mais curto. Como
vai ser a curva de queda, nós não sabemos ainda", disse.
"Mas cada vez estamos mais próximos do Carnaval, e
antecipar o que vai acontecer com uma onda tão explosiva é muito difícil. Até o
fim de fevereiro, podemos estar numa onda de disseminação bastante intensa. A
recomendação é ser mais cauteloso", afirmou Kallas.
O secretário Jean Gorinchteyn disse que qualquer situação
que acumule pessoas nas ruas preocupa as autoridades de saúde. "Nosso
olhar atual é que, em qualquer condição que permita aglomeração, é natural que
as pessoas acabem não utilizando a máscara de forma adequada e, dessa forma,
haja um risco maior de disseminação."
E concluiu: "Olhando lá para a frente, pensando em
qualquer condição que acumule pessoas nas ruas, é preocupante. Quando vamos
olhar cenários específicos, cenários controlados, seja com a vacinação, com a
testagem, se isso acontecer, seremos anuentes, caso contrário, não vamos
sugerir que isso possa acontecer".